Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Protocolar, suspensão de venda de carne bovina para China deve cair logo

Interrupção de vendas após caso atípico de vaca louca faz parte de protocolo sanitário

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A OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) encerrou a apuração sobre o caso da doença atípica da vaca louca ocorrida em Mato Grosso.

A avaliação do órgão internacional confirma o status sanitário do Brasil, que é de risco insignificante para a doença, segundo o Ministério da Agricultura.

Apesar do encerramento do caso, o Brasil suspendeu temporariamente as exportações de carne bovina para a China. A suspensão faz parte do protocolo sanitário assinado pelos dois países em 2015.

O caso da doença ocorrida no Brasil, porém, é bem diferente do das primeiras ocorrências nos anos 1990 na Europa, região que lutou por muito tempo contra a doença.

Gado em fazendo em Sorriso, em Mato Grosso
Gado em fazendo em Sorriso, em Mato Grosso - Paulo Whitaker/Reuters

O caso brasileiro, denominado atípico, não representa risco para a saúde humana.

Diante disso, a avaliação dos chineses sobre o caso brasileiro deverá ser rápida. Além de a análise da OIE indicar que não há riscos, os chineses têm uma demanda muito grande por proteínas, por causa dos problemas sanitários do país.

Se a avaliação dos chineses demorar, parte da carne brasileira entrará por Hong Kong, o que vinha ocorrendo com frequência nos anos recentes.

No ano passado, os chineses importaram o correspondente a US$ 1,5 bilhão de carne bovina do Brasil, bem acima dos US$ 939 milhões de 2017. Nos quatro primeiros meses deste ano, o volume já atinge US$ 443 milhões.

Já Hong Kong importou apenas US$ 542 milhões de carne bovina em 2018, bem abaixo do US$ 1,5 bilhão de 2017.

China e Hong Kong têm se revezado na liderança das importações dessa proteína brasileira nos últimos anos.

A demanda chinesa por carnes é grande porque a peste suína africana, que atinge o país desde 2018, deverá provocar uma queda de pelo menos 30% na produção de carne suína neste ano.

Os chineses deixarão de produzir próximo de 16 milhões de toneladas.

Básica na alimentação da população nesse país asiático, a carne suína deverá ser substituída por outras proteínas.

Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), diz que o setor de aves e de suínos não deverá ser afetado, principalmente em razão da necessidade dos chineses.

Turra considera que, não fosse o protocolo assinado entre os países, nem as exportações de carne bovina deveriam ser interrompidas, após a avaliação favorável da OIE.

A importância do Brasil aumenta ano a ano no fornecimento de carne para a China. No ano passado, os chineses lideraram as importações de proteínas do Brasil, tanto de carne bovina como de suína e de frango.

Na avaliação do Rabobank, a China, que já importou 311 mil toneladas de carne bovina no primeiro trimestre, 47% mais do que em igual período de 2018, vai continuar precisando dessa proteína para cobrir a demanda interna, elevando os preços mundiais do produto.

Copo vazio

Os estoques de suco de laranja em mãos de brasileiros e espalhados pelo mercado mundial continuam baixos.

Estimativas da CitrusBR indicam que a safra 2018/19, que termina no fim deste mês, deverá ter apenas 224,5 mil toneladas de produto estocado.

O volume é superior aos 107,4 mil de junho de 2017, mas fica 35% abaixo dos 343 mil registrados no ano passado, segundo a entidade.

A produção de suco deverá atingir 875 mil toneladas nesta safra, menos do que o 1,31 milhão da anterior.

Já a safra de laranja teve uma redução para 286 milhões de caixas de 40,8 quilos e a produção de uma tonelada de suco exigiu o processamento de 271 caixas da fruta.

Tiro no pé Senadores americanos querem que o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, equivalente ao Ministério da Agricultura) não destine recursos para frigoríficos que tenham participação de capital estrangeiro, como o brasileiro JBS e o chinês Smithfield.

Tiro no pé 2 Apesar da participação de capital estrangeiro, essas indústrias são importantes para os pecuaristas dos Estados Unidos. Uma redução de força delas poderá representar dificuldades também para os produtores que estão em regiões onde elas atuam, fazendo-os perder renda.

Peso menor O complexo soja não repetiu no mês passado o mesmo bom desempenho de maio de 2018. As exportações da soja em grãos caíram 30%, e as de farelo, 21%. Já as de óleo de soja subiram 69%. Apesar da queda, a soja se manteve como o principal item da pauta de exportação no mês.

Bom ritmo As carnes voltaram a ter um bom desenvolvimento externo, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). As vendas de carne de frango, líder no setor de proteínas, acumularam receitas de US$ 588 milhões no mês, 17% mais do que em maio de 2018. A bovina teve alta de 18%.

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