Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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EUA seguram milho e perdem venda para Brasil e Argentina

Clima desfavorável, atraso no plantio e estimativas de baixa produção colocam país para trás

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O presidente dos EUA, Donald Trump, fechou as portas da China para a soja dos americanos, colocando os produtores em uma situação delicada.

No milho, no entanto, foram os próprios produtores que criaram um caminho tortuoso para eles mesmos.

Clima desfavorável, atraso no plantio e estimativas de baixa produção no país levaram os americanos a segurar o milho que ainda não tinham comercializado, à espera de melhores preços.

O resultado foi que os tradicionais importadores de milho dos Estados Unidos foram para outros mercados, como Ucrânia, Argentina e Brasil.

Lavoura de milho afetada pela geada no norte do Paraná - Mauro Zafalon/Follhapress

Os números do Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) mostram o quadro de vendas reduzidas dos produtores americanos.

As previsões iniciais de exportações para a safra 2018/19, que terminou no sábado (31), eram de 62 milhões de toneladas. Ficaram em apenas 50 milhões.

O problema para os americanos agora é que o Usda reviu para cima os dados de produção da safra 2019/20, a que se mostrava com sérios problemas no plantio.

A estimativa é de uma produção de 352 milhões de toneladas —alguns analistas chegaram a prever apenas 330 milhões há alguns meses. Se confirmada a estimativa atual, a safra 2019/20 ficará próxima da de 2018/19, que foi boa e atingiu 366 milhões.

Daniele Siqueira, da AgRural, diz que muita coisa pode mudar ainda na safra americana. Uma, no entanto, é certa: os americanos perderam o tempo ideal para comercializar o milho e podem ficar com muito cereal nos armazéns.

A partir de agora terão a concorrência dos brasileiros, dos argentinos e dos ucranianos, todos com boas safras.

Entre os maus sinais para os americanos estão os recordes históricos de exportações dos brasileiros nos meses de julho e de agosto. Nesses dois meses, saiu um volume recorde de 14 milhões de toneladas do cereal do país. Em agosto, foram 7,65 milhões.

Incentivados pelo valor elevado do dólar, os exportadores brasileiros vão colocar um volume recorde de milho no mercado externo neste ano. De janeiro a agosto, as exportações já somam 23 milhões de toneladas, um pouco acima do volume de janeiro a dezembro do ano passado.

Siqueira diz, no entanto, que muitos produtores do Paraná e de Mato Grosso do Sul vão pagar do mesmo mal dos americanos porque apostaram em preços mais elevados e reduziram a comercialização.

Os argentinos, tradicionais exportadores de milho, vão aumentar a oferta do cereal neste segundo semestre, e os ucranianos, com boas safras, vêm ganhando espaço ano a ano no mercado internacional, disputando mercado com os brasileiros.O avanço de novos concorrentes no mercado internacional coloca empecilhos à posição dos Estados Unidos, os maiores produtores e exportadores mundiais de milho.

Para a safra 2019/20, cujo calendário se inicia neste mês, os americanos fizeram vendas antecipadas —o milho ainda não foi colhido— de apenas 5,5 milhões de toneladas, o menor volume para o período em 14 anos para este período, segundo Siqueira.

No início da safra passada, o Usda já apontava vendas externas de 10,4 milhões de toneladas.

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