Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Para secretário de SP, defesa agropecuária não é entulho, mas entrave burocrático

Após usar termo pejorativo em evento, Gustavo Junqueira diz que foi mal interpretado

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A classificação da defesa agropecuária como "um grande entulho", feita pelo secretário de agricultura do estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, em reunião do Cosag (Conselho Superior de Agronegócio), nesta segunda-feira (7), causou um intenso mal-estar nos servidores públicos do setor.
 
O vídeo com a fala do secretário se espalhou, tendo reflexos inclusive na Câmara dos Deputados, em Brasília.
 
Servidores da defesa agropecuária paulista também distribuíram vídeos de protestos contra a manifestação do secretário.
 
Nas entrelinhas, querem que o secretário se retrate ou que explique o porquê de suas afirmações.
 
Para o secretário, tudo não passou de um mal-entendido, e ele admite que a palavra entulho não foi a mais apropriada para aquele contexto. "Entrave burocrático seria a palavra mais correta, devido ao excesso de leis, papéis e documentos", afirmou.

Gustavo Junqueira, Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo - Mathilde Missioneiro - 2.out.19/Folhapress


 A discussão girava em torno de melhorias para o agronegócio, e o secretário diz que incluiu a defesa agropecuária entre os itens que precisam ser renovados e melhorados.
 
Diferentemente do que foi depreendido de suas palavras, o foco era a questão burocrática, não as pessoas, afirma.
 
Na avaliação dele, o momento atual é bem diferente daquele em que o país ainda importava carne e tinha apenas 70 milhões de pessoas, quando foram criadas as leis.
 
A defesa agropecuária deve ser um dos principais itens a serem considerados em um país onde a produção e exportação de alimentos têm grande importância. Os riscos devem ser evitados, afirma. "Tudo tem de ser olhado pelo lado sanitário", afirma.
 
Junqueira admite, contudo, que há uma limitação de pessoas, e o orçamento na área é restrito, dificultando as contratações.
 
"O caminho é fazer com que o debate seja transparente e que tenha a participação de todos."
 
O secretário acredita que é preciso trazer a despesa agropecuária para o mundo digital. Com o orçamento restrito, é sempre bem-vindas as parcerias público-privadas.
 
Essa discussão deveria ser objeto em todo o país, uma vez que uma série de doenças, entre elas a peste suína africana, se espalha pelo mundo e se torna um possível risco para o Brasil.

Para se prevenir contra eventuais desastres no setor agropecuário, o secretário diz que o estado começa a desenvolver um fundo para amenizar os efeitos de uma ocorrência grave no setor.
 
Em uma crise sanitária, os animais da região têm de ser abatidos, e os produtores são indenizados. O governo estadual ainda estuda a melhor forma de fazer com que esse fundo seja robusto e apropriado em qualquer crise sistêmica.
 
Uma das maneiras de acelerar o processo de melhoria da defesa agropecuária é a separação da fiscalização e da inspeção.
 
Para o secretário, a fiscalização é uma ação de governo. Já a inspeção é um processo de verificação de seus produtos pelas empresas.
 
O secretário admite que, apesar da quantidade insuficiente de profissionais e do orçamento restrito, os servidores agropecuários paulistas são referência nacional.
 
Sempre que ocorre alguma situação complicada, como foi o caso da peste suína clássica em algumas regiões do Nordeste, os paulistas fazem a diferença, segundo Junqueira.
 
"Essas pessoas trabalham com o orçamento restrito e, às vezes, não são reconhecidas por aqueles que não sabem o que é um risco sanitário".
 
Sobre o fato de São Paulo ter uma das defesas agropecuárias menos bem-avaliadas no país, Junqueira diz que o estado tem uma complexidade infinitamente maior que a dos outros.
 
São Paulo tem uma quantidade maior de monitoramentos e um número pequeno de servidores. "Esta é uma das razões pela qual o estado tem lutado para se modernizar", disse.

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