Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Safra de café deverá atingir 66,7 milhões de sacas em 2020, estima Rabobank

Ciclo bienal favorável e o início de produção de novos cafezais serão responsáveis por esse volume

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A produção de café atingirá 66,7 milhões de sacas na safra 2020. Esse volume se soma aos 57,6 milhões deste ano.

As estimativas são de Guilherme Morya, analista do Rabobank, banco especializado em agronegócio. Essa safra recorde virá depois de um ano desafiador para o setor, quando os preços atingiram o patamar mais baixo em dez anos.

Algumas regiões produtoras tiveram problemas climáticos e perda de qualidade do produto, forçando parte dos produtores a vender o café a preços inferiores ao custo de produção.

O analista do Rabobank, devido ao déficit mundial de 3,2 milhões de sacas neste ano, acredita que os preços do café vão continuar subindo, atingido até US$ 1,22 por libra-peso no próximo ano.

A safra de 2020 é grande devido ao ciclo bienal positivo e à entrada em produção de novas áreas de café, plantadas após os bons preços de 2016.

Morya alerta para alguns pontos de atenção: o desempenho das chuvas nos próximos meses, o avanço da tecnologia em Roraima e a atuação dos fundos não comerciais nesse mercado. Essas variantes podem mudar o patamar de produção e de preços.

Carnes A demanda chinesa, devido à peste suína africana, pressiona os preços e facilita as exportações brasileiras de proteínas. As estimativas são de vendas externas de 2,2 milhões de toneladas de carne bovina neste ano e de 2,4 milhões em 2020.

Aves A queda na oferta de carne suína na China eleva a demanda por carne de frango. Wagner Yanaguizawa, analista do Rabobank, acredita que essa tendência vá continuar. As exportações brasileiras deverão subir de 3,8 milhões de toneladas, neste ano, para 3,9 milhões no próximo.

Suínos A produção chinesa deverá cair 25% neste ano e 12,5% no próximo, segundo o Rabobank. Com isso, o país asiático aumentará as importações. A demanda chinesa fará com que as exportações totais do Brasil subam para 838 mil toneladas neste ano, podendo chegar a 948 em 2020.

Soja O mercado de Chicago deverá girar próximo de US$ 9,70 por bushel em 2020. Eventuais perdas de produção na América do Sul ou nos Estados Unidos, contudo, poderão elevar os preços para US$ 10. Já um acordo comercial entre EUA e China poderá trazer o valor da soja para US$ 8,50 por bushel.

Soja Brasil Conforme estimativas do banco, área e produção devem aumentar no Brasil. O país semeará 36,5 milhões de hectares, e produzir 121 milhões de toneladas.

Milho O mercado interno mostrará uma consolidação, com uma utilização maior do cereal em ração e na produção de etanol de milho. Os preços vão se sustentar, os estoques serão menores e a área de plantio sobe para 18,4 milhões de hectares. Victor Ikeda, analista do banco, estima que os preços apurados pelo Cepea no próximo ano ficarão entre R$ 40 e R$ 42 por saca.

Algodão Os preços não são bons como os dos últimos dois anos, mas grandes investidores continuarão plantando. A área semeada, que foi de 1,6 milhão de hectares neste ano, recua para 1,55 milhão no próximo.

Etanol Os preços do combustível continuarão competitivos na entressafra e no início da próxima safra, segundo Andy Duff. Os estoques desta safra terminam no mesmo patamar dos do início dela. Em 2020, as empresas que vão bem, podem melhorar. As que têm desafios, lutam para se manter. Quem tem dinheiro para investir no setor foca em tecnologia e na diversificação (biogás, etanol de milho etc.).

Celulose  As empresas chineses mudam política de estoques e reduzem volume para apenas 30 dias, contra os 90 anteriores. Após queda de preços, o ciclo de alta será bem mais moderado. A tonelada deverá subir dos atuais US$ 450 para US$ 480 no próximo ano.

Leite Um mercado desafiador para as indústrias neste ano. Foi um período de custo elevado da matéria-prima e de dificuldades de repasse de preço para o consumidor. Em 2020, o preço bruto pago ao produtor se eleva para R$ 1,50 por litro. Os custos do milho, porém, serão um fator de peso para a produção. Já os preços internacionais sobem e as importações serão dificultadas pelo valor do dólar.

Suco de laranja A safra 2020 deverá ficar entre 270 milhões e 320 milhões de caixas. O valor do suco atingirá US$ 1.600 por tonelada em 2020, acima do US$ 1.500 deste ano. O desafio para as empresas é como repor o consumo perdido abrindo novos mercados. O suco de laranja foi uma das poucas commodities que não conseguiram se beneficiar da expansão chinesa nos últimos 15 anos, segundo Andrés Padilla.

Insumos Havia uma incerteza quanto à demanda no início do ano. As entregas, porém, vão subir 2% neste ano, para 36,2 milhões de toneladas. Em 2020, as entregas repetem o percentual de variação deste ano e somam 37 milhões, na avaliação de Matheus Almeida, analista do Rabobank.

Balanço A instituição financeira divulgou, nesta quinta-feira (28), o relatório Perspectiva para o Agronegócio Brasileiro para 2020. 

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