Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Sob impulso da China, exportação atinge patamar recorde em outubro

Carne suína é a de maior consumo no país asiático, mas peste provocou redução de rebanho

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O Brasil nunca havia exportado tanta carne bovina em um único mês como em outubro. Foram 186 mil toneladas, no valor de US$ 808 milhões.

“É um recorde histórico jamais visto antes”, afirma Antonio Jorge Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).

Com isso, as estimativas anteriores de US$ 7,2 bilhões para este ano ficaram defasadas, e o país deverá obter receitas superiores a esse valor, segundo ele.

Carne bovina em supermercado da rede Walmart em Pequim - Tingshu Wang - 23.set.10/Reuters

O grande apetite vem da China, que comprou 66 mil toneladas de carne bovina em outubro, 61% a mais do que em setembro. 

Os chineses gastaram US$ 373 milhões com essas importações no Brasil, 68% acima do que haviam despendido no mês anterior.

É bom lembrar que Hong Kong, que também acaba abastecendo a China, elevou em 36% as compras de carne bovina no Brasil em outubro. Ao todo, China e Hong Kong levaram 98 mil toneladas de carne bovina brasileira para a região, deixando US$ 477 milhões em receitas para os exportadores do Brasil, conforme dados da Abiec e da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Essa necessidade de aumento das compras de proteínas por parte dos chineses ocorre devido à forte retração no rebanho de suínos do país.

A carne suína é a de maior consumo na China, mas a peste suína africana, que afeta vários países da região, já provocou uma redução de 40% no rebanho chinês de porcos, segundo o governo. Algumas estimativas privadas, no entanto, indicam mais de 50%.

A demanda intensa chinesa por carne bovina fez o país pagar, em média, US$ 5.671 por tonelada no Brasil, um valor próximo do que paga a União Europeia, bloco de países que tradicionalmente remuneram melhor o produto brasileiro.

Embora em volumes menores, Turquia, Argélia, Costa do Marfim e Angola também aumentaram o volume de compras no Brasil, com evoluções de 60% a 73% no mês.

O bom desempenho do mercado externo de proteínas —as compras chinesas se estendem também para suínos e frango— está elevando os preços internos do boi e da carne bovina para valores recordes. Essa alta vai chegar ao bolso dos brasileiros.

Missão iraniana

Desembarca no Brasil no próximo dia 19 uma missão iraniana com pelo menos 60 empresários. Grandes distribuidores de produtos no Irã, eles vêm em busca de alimentos brasileiros.

Ali Golmakani, organizador da comitiva, afirma que os empresários estão muito interessados em carnes, arroz e feijão. Além disso, café, gergelim e óleos vegetais são bem-aceitos no Irã.

Os iranianos são o quarto principal importador de alimentos do Brasil, liderando as compras de milho. Até outubro importaram 4,5 milhões de toneladas do cereal, no valor de US$ 836 milhões.

Bem abaixo As exportações de outubro dos Estados Unidos efetivamente embarcadas caíram para 1,7 milhão de toneladas. No mesmo mês de 2018, haviam somado 5,4 milhões. Em outubro de 2012, período da seca, haviam sido de apenas 1,5 milhão.

Sem China Com a previsão de safra menor, os americanos seguraram as vendas de milho, abrindo espaço para as exportações brasileiras. Desta vez, a queda de exportações dos EUA não pode ser creditada à guerra comercial porque a China importa pouco milho.

Produção  O Usda prevê safra de 351 milhões de toneladas neste ano, acima dos 330 esperados no início de safra.

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