Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Arroz tem preço recorde no campo

Perda de renda dos produtores e queda de área provocaram redução na oferta, segundo o Cepea

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Nos últimos dez anos, em apenas três deles os produtores de arroz conseguiram cobrir os custos totais e os investimentos que fizeram para a produção do cereal. As safras positivas foram em 2009/10, 2013/14 e 2016/17.

Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a produção de arroz em Uruguaiana (RS) nas dez últimas safras não foi sustentável economicamente para remunerar os investimentos em infraestrutura e permitir que o produtor renovasse seu parque de máquinas e benfeitorias com capital próprio.

Plantação de arroz irrigado em propriedade rural no município de Canoas (RS). - Rubens Chaves - 14.out.18/Folhapress

O resultado disso começa a mudar completamente o cenário desse setor no país. Houve redução de área plantada, oferta menor de produto e aumento de preços. Nesta quinta-feira (30), a saca de arroz em casca registrou o maior patamar nominal da história desde que o Cepea iniciou o acompanhamento de preços, em 2005.

O problema agora é saber o que fazer para tornar esse setor novamente viável para os produtores e menos custoso para os consumidores. É o que indaga Lucilio Alves, professor da Esalq e pesquisador do Cepea.

Essa escalada de preços do arroz, mesmo que as indústrias e o varejo reduzam suas margens nas negociações, vai chegar à inflação.

A saca de 50 quilos, que esteve em alta durante todo o segundo semestre do ano passado, chegou ao valor recorde de R$ 51,26 nesta quinta, com elevação de 7% no acumulado de janeiro.

A disponibilidade de arroz desta safra em andamento será a menor dos últimos 35 anos. Os estoques no final deste período, em fevereiro de 2021, serão suficientes para apenas 2,4 semanas, diz Alves.

O setor vem buscando alternativas econômicas. Além da procura por maior produtividade por hectare, abandonou o cereal em algumas áreas e o substituiu por soja, mais rentável.

A rentabilidade baixa do setor ocorre também pela redução da demanda interna. Quanto maior a renda do consumidor, maior a procura por uma diversidade de alimentos.

As exportações podem abrir caminho para produção e rentabilidade maiores, mas só agora o setor começa a desenvolver um sistema mais viável de exportação, segundo o pesquisador.

A área gaúcha dedicada ao cereal neste ano caiu 5%, e a produção recuará para 7,39 milhões de toneladas do produto em casca no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do país. O aumento de produtividade é de 5,2%, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Fake News  A Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) emitiu comunicado nesta quinta-feira (30) para informar que o café torrado e moído não contém sangue de boi.
 
Peso maior  Nos últimos dias surgiram boatos de que as indústrias estariam colocando sangue bovino para elevar o peso e aumentar o volume do produto.

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