Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Coronavírus deve reduzir demanda chinesa por commodities e afetar preço, diz pesquisador

Setor de carnes deve ser o mais afetado do agronegócio

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São Paulo

O coronavírus é um novo componente no mercado de commodities neste ano. Enquanto ainda se tenta entender a gravidade da doença, é certa a chegada de seus efeitos sobre o comércio do agronegócio, principalmente sobre as carnes.

A avaliação é de Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

O agronegócio brasileiro já estava suscetível ao ritmo menor da economia chinesa e à aproximação do país asiático com os americanos. Além disso, a China recompôs os estoques de carne no segundo semestre do ano passado.

Para Carvalho, o coronavírus se soma a esses problemas já desenhados no início deste ano. A China deverá ter um foco especial na saúde pública e investir mais nesse setor.

Embora o segmento de alimentos seja sempre o último a sofrer impacto na economia, a desaceleração da atividade pode reduzir o consumo, diz Daniele Siqueira, analista da AgRural. Com isso, os preços vão passar por uma redução.

Antonio Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), diz que as empresas do setor estão com ritmo menor de atividades, o que é normal nesse período do ano.

Os frigoríficos acompanham a evolução do coronavírus na China, mas ainda não houve suspensão de pedidos feitos pelos importadores.

Carvalho afirma, no entanto, que o cenário interno também é importante em uma avaliação da comercialização do agronegócio. O início de ano é um período de reorganização do orçamento do consumidor, após uma concentração de gastos.

Quanto à China, os contratos de exportação de janeiro já foram fechados, e parte, despachada. Os efeitos dessa nova situação de mercado poderão ser mais visíveis em fevereiro e março, diz o pesquisador.

Para técnicos da consultoria INTL FCStone, os efeitos do coronavírus serão demanda e importações menores de carnes feitas pela China e consequente pressão de baixa nos preços.

O patamar do dólar em relação ao real e a redução de oferta de carne pela Austrália, devido aos incêndios, porém, jogam a favor do Brasil.

O coronavírus assustou também o mercado de grãos. O medo da desaceleração econômica vem provocando quedas nos preços da soja, do milho e do algodão, segundo Daniele, da AgRural.

O mercado, que esperava boas notícias com a fase 1 do acordo entre China e EUA, já amarga queda de 4% no valor do contrato de março da soja do dia 15 de janeiro, data da assinatura, a esta quarta (29).

O coronavírus é motivo de atenção também dos cotonicultores. No ano passado, a China foi responsável pela importação de 34% do algodão exportado pelo Brasil. 

A preocupação é que a epidemia se agrave e se alastre, afirma Milton Garbugio, presidente da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão).

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