Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Brasil lidera exportação mundial de milho

Os americanos colocaram apenas 41,3 milhões de toneladas no mercado externo, 41% menos do que em 2018

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Há uma década, Alisson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura de 1974 a 1979, deixou uma plateia atônita durante um seminário. Afirmou que o país facilmente superaria a produção de 100 milhões de toneladas de milho. Desconfiados, os participantes do evento se entreolharam, não acreditando no que ouviam.

Afinal, o país patinava e não conseguia superar os 55 milhões de toneladas por ano. O Brasil não só atingiu essa marca, como, assumiu a posição de maior exportador mundial do cereal no ano passado, desbancando os até então imbatíveis norte-americanos.

Nesta quarta-feira (5), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgou os dados finais das vendas externas do ano passado. O país colocou 41,3 milhões de toneladas no mercado externo, abaixo dos 42,7 milhões dos brasileiros. Os argentinos exportaram 36,2 milhões.

Milho está entre os produtos mais exportados pelo Brasil
Milho está entre os produtos mais exportados pelo Brasil - Mauro Zafalon - 24.jul.2017/Folhapress

A Folha já havia antecipado a possibilidade de o Brasil se tornar líder nas exportações mundiais de milho em meados de dezembro.

Os brasileiros, colocam, assim, mais um produto na lista das lideranças mundiais, o que já ocorre com café, soja, carne bovina, carne de frango, açúcar e suco de laranja.

Um grande importador de milho há duas décadas, principalmente da Argentina, o Brasil iniciou as exportações em 1996 pela Coamo Agroindustrial Cooperativa. Pressionada pelos baixos preços internos, a cooperativa fez os primeiros contratos de venda externa.

Essa é a segunda vez que o país assume a liderança mundial nas exportações. A primeira, em 2013, ocorreu porque os americanos tiveram uma perda muito grande na produção, devido a forte seca no Meio-Oeste do país.
 
No ano passado, os americanos tinham milho, mas perderam o tempo ideal para vender. Essa liderança brasileira deverá ser passageira, mas o caminho está aberto para uma evolução ainda maior no setor.

Os líderes americanos já chegaram a colocar 70 milhões de toneladas de milho por ano no mercado externo, mas em 2019 o plantio foi retardado, e o mercado esperava uma safra bem inferior ao potencial de 360 milhões de toneladas.

Esse cenário de quebra de safra fez o produtor armazenar o cereal à espera de preços melhores. A safra dos Estados Unidos teve uma quebra pequena, mas os grandes importadores, como Japão e Coreia do Sul, já haviam se decidido pelo produto da Ucrânia, Brasil e Argentina.

O resultado, para os Estados Unidos, foi a perda da liderança mundial. Paolinelli dizia naquele evento que, embora parte dos produtores era altamente tecnificada, a maioria ainda se utilizava de uma forma de produção extrativa e de subsistência.

Além disso, segundo o ex-ministro, o setor via o milho apenas como uma cultura complementar à da soja. Demanda interna crescente e exportações dariam, contudo, um grande novo impulso, segundo ele.

A utilização do milho na produção de etanol só agora começa a deslanchar, mas o impulso maior vem das exportações. Os principais importadores preferem o cereal brasileiro devido à qualidade do produto.

Enquanto em outros países o milho passa por um longo período nos armazéns, o brasileiro sai direto do campo para o porto.

Nas duas últimas décadas, a área de milho cresceu 37%, a produtividade, 127%, e a produção, 213%, segundo dados da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento).

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