Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Inflação já aponta os efeitos do dólar sobre alimentos

Pressão nos preços vem tanto dos produtos importados como dos exportados pelo país

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São Paulo

A escalada do dólar nos últimos meses já provoca uma elevação nos preços internos dos alimentos.

Ficam mais caros para o consumidor tanto os produtos importados como os exportados.

O importado passa a custar mais porque o Brasil gasta mais reais para a sua compra. Já os exportados trazem para dentro do país boa parte da pressão da demanda externa e dos valores praticados lá fora.

Os dados de inflação da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) desta terça-feira (17) já mostram essa evolução de preços.

Entre os importados, o alho é um dos destaques. O preço interno está com alta de 3,5% nos últimos trinta dias e com tendência de novas altas.

O Brasil importou 35,5 mil toneladas nos dois primeiros meses, um volume, porém, 78% inferior ao de igual período do ano passado. Já os preços médios deste ano estão 36% superiores aos de igual período do ano passado.

Trigo, farinha e pão também entram nessa lista de elevações. Com preços comportados até o final do ano passado, esses itens estão com tendência de alta.

Com aumento do dólar, tendência é de aumento de preço do pão no Brasil; na foto funcionário da rede A Padaria Portuguesa em Lisboa - Rafael Marchante/Reuters

A Argentina, maior exportadora para o Brasil, teve grande safra, aumentando a disponibilidade de trigo e de farinha para os brasileiros. O dólar, no entanto, encarece o cereal.

O bolso do consumidor brasileiro é vítima também dos efeitos das exportações. Um desses exemplos é o das carnes. A bovina interrompeu a tendência de queda e voltou a subir no varejo neste mês, segundo a Fipe.

As carnes suína e de frango ainda estão com os preços caindo, mas já em ritmo menor.

Ao contrário do que se imaginava, a demanda chinesa por proteínas voltou a ser forte. Os preços internacionais pararam de cair e as compras da China retornaram a patamares próximos aos de dezembro, este um mês excelente para os exportadores brasileiros.

Soja e milho também trazem a pressão de fora para dentro do país. As exportações da oleaginosa continuam aquecidas e as do cereal, embora menores, deixaram os preços internos em patamares elevados. O óleo de soja está com alta de 8% neste ano.

O dólar vai influenciar também o arroz. A desvalorização do real torna atraente o produto brasileiro em mercados conquistados recentemente pelo Brasil.

Para equilibrar a oferta e a demanda internas, o país necessita também de importações. Esse cereal vem do Mercosul, mas com o dólar mais caro. Além disso, a safra brasileira vem sendo menor nos últimos anos, o que normalmente já gera uma pressão interna de preços.

Micotoxinas Pesquisa da empresa Biomin, que coletou 20 mil amostras de ração e ingredientes para nutrição animal em 86 países, incluindo o Brasil, mostrou que 75% das amostras têm substâncias químicas tóxicas produzidas por fungos acima do limite aceitável.

Assunto sério A coleta foi realizada durante 2019 e a pesquisa mostrou que micotoxinas são assunto sério em todo o mundo. O problema se tornou mais preocupante com o avanço das chamadas micotoxinas “emergentes”.

Desafios Os dados da pesquisa são fundamentais porque apontam a concentração dessas micotoxinas e quais regiões precisam de mais atenção. Elas representam um grande desafio para avicultura, suinocultura e pecuária como um todo, segundo Alexandro Marchioro, gerente da linha antimicotoxinas da Biomin.

Riscos As classificações para análise das micotoxinas são divididas em níveis extremo, severo, alto e moderado. Na América do Sul, o risco caiu de extremo para severo, com 89% das amostras contaminadas com fumosinas (FUM), presentes nas diversas matérias-primas e rações, segundo a empresa.

Ainda pior A pesquisa alertou para risco extremo na América do Norte, onde 90% das amostras de rações apresentaram micotoxinas e 77% foram positivas para a contaminação por DON (deoxinevalenol). Esse resultado pode estar relacionado às fortes inundações que atingiram a região no último ano e que afetaram a colheita, segundo a pesquisa.

Efeito dólar O custo de produção do algodão vai subir para R$ 8.344 por hectare, 1,7% a mais do que na última estimativa do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária)

Efeito dólar 2 Essa alta se deve à escalada do dólar nos insumos utilizados pelos produtores na safra 2020/21.

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