Os preços dos produtos agrícolas, em sua maioria, estão em queda. Eles sofrem os efeitos do recuo da demanda gerado pelo coronavírus. Uma das exceções é o trigo, que mantém valores nominais recordes no país.
Carlos Hugo Godinho, analista de trigo do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Agricultura do Paraná, diz que o preço do trigo sofre efeitos externos e internos.
Do lado externo, a pressão pode ser de baixa. Após alguns países limitarem as exportações, como a Rússia, o preço do cereal teve um repique de alta. O avanço do coronavírus pelo mundo e a forma como está afetando os vários mercados, porém, podem derrubar os preços.
Ele cita o exemplo dos Estados Unidos e a forte redução no consumo de milho, devido à queda no consumo de etanol no país.
Indicações do próprio Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) mostram que nesta safra, que termina em 31 de agosto, a retração no uso do cereal será de um volume próximo de 10 milhões de toneladas no mercado americano. Normalmente, 40% da safra de milho dos Estados Unidos vai para a produção de etanol.
A China também influenciará no comportamento internacional do trigo, na avaliação de Godinho. A queda de renda deverá reduzir o consumo de proteínas. Na produção destas, além do milho e do farelo, também é utilizado o trigo na alimentação dos animais. Rebanhos menores e oferta maior de milho afetarão os preços externos do cereal.
Internamente, a situação é diferente. A saca de trigo está próxima de R$ 58, um recorde nominal. E os preços devem se manter aquecidos, apesar de o Paraná, principal produtor nacional, elevar a produção neste ano.
Os paranaenses, que já iniciaram o plantio, vão semear trigo em 1,08 milhão de hectares, 5% mais do que no ano passado.
Neste ano, a safra poderá subir para 3,5 milhões de toneladas, acima dos 2,14 milhões de 2019. Se essa previsão se confirmar, será o primeiro aumento de produção após três anos de queda.
A dependência brasileira do trigo importado, contudo, é grande. O dólar acima de R$ 5 vai encarecer o custo das importações, segurando os preços internos, afirma Godinho.
Frango
As exportações brasileiras para a União Europeia recuaram para 36,5 mil toneladas de janeiro a fevereiro deste ano, 14% menos do que em igual período de 2019.
Frango 2
As importações totais da União Europeia caíram para 120 mil toneladas no período, 25% menos do no ano passado. As maiores retrações nas compras ocorreram no Reino Unido (menos 38%) e na Ucrânia (32%).
Barco hospital
O Marfrig doará R$ 1 milhão para a ordem dos franciscanos, que administra o Barco Hospital Papa Francisco e atende a comunidades ribeirinhas do Pará e do Amazonas. O barco vai aumentar a capacidade de atendimento neste período de coronavírus.
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