Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Após alta de março, leite longa vida perde força em abril

No mês passado, o preço caiu 17,8%, devido a reposição de estoques e queda de renda do consumidor, aponta Cepea

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O preço do leite longa vida, que tinha subido 24,8% do início ao final de março, registrou queda de 17,8% no mesmo período de abril. Essa evolução indica os preços industriais, e não no varejo.

A retração ocorrida no mês passado mostra que, passada a corrida aos supermercados, provocada pelo coronavírus, os preços desse tipo de leite não se sustentam mais.

A regularização dos estoques, a pressão das distribuidoras e a queda de renda dos consumidores não permitem mais preços tão elevados como os de março, segundo Natália Grigol, pesquisadora da equipe de leite do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada.

Os preços do leite longa vida vão manter a queda, mas não retornam, pelo menos a curto prazo, aos patamares anteriores a março, segundo ela. “A tendência de alta acabou porque não há mais um choque de demanda e o consumidor voltou a fazer compras regulares”, diz Grigol.

Vacas leiteiras comendo ração em propriedade rural em Barretos. - Pierre Duarte - 10.ago.2018/Folhapress

Ela destaca, ainda, que os estoques dos atacadistas estão baixos, mas não deverá haver um aumento neles porque a oferta de produto retornou à normalidade.A queda dos preços dos derivados e do leite spot (negociado entre indústrias) traz um cenário de incertezas para o produtor.

A redução de atividade de laticínios e a utilização menor de leite deverão provocar uma forte queda nos preços no campo neste mês. O produtor suporta no máximo de dois a três meses de redução. A partir desse período, vai começar a abater animais, diz Grigol.

Esses abates dão um equilíbrio ao mercado em um primeiro momento, mas podem gerar problemas de abastecimento mais tarde.

O leite não é uma simples commodity, mas matéria-prima para uma série de produtos comunicáveis. A queda na demanda de um pode afetar os demais.O leite longa vida, por exemplo, mesmo em alta, não segura a renda do produtor. Esse tipo de leite utiliza apenas 30% do produto captado.

O Cepea divulgou nesta quinta-feira (30) a remuneração de abril dos produtores. O pagamento se refere ao leite entregue em março. Os preços médios, que refletiam apenas uma quinzena do efeito do coronavírus, ainda registraram alta.

Na média do Brasil, o litro foi negociado a R$ 1,4515 líquido, 0,97% mais do que o pago em março. A captação de leite, devido a clima adverso, recuou 4,3% em março, em relação a fevereiro, acumulando queda de 11,5% no ano.

Em pó A queda de renda dos consumidores e os preços altos do leite longa vida fizeram parte dos consumidores migrarem para o leite em pó. Com isso, o preço do produto ficou mais caro.

Argentina Apesar das condições climáticas não favoráveis nas últimas semanas, a colheita avança. Com base na produtividade atual, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires estima uma produção de 49,5 milhões de toneladas de soja. Já a safra de milho deverá ficar em 50 milhões de toneladas.

Novos tempos A Covid-19 vai trazer novos desafios para a produção e distribuição de alimentos no mundo. Um dos pontos a ser focado será o comércio intrarregional e inter-regional, segundo Manuel Otero, diretor do IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura).

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