Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Com pandemia, agronegócio adere às feiras e eventos virtuais

Tecnologia vem para ficar e deve mudar formatos atuais; Tocantins tem a primeira feira digital

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A pandemia que assola o mundo trará novas formas de comunicação para o agronegócio, principalmente em um país continental como o Brasil.

Longas viagens, eventos com grandes estruturas, gastos com hospedagens e com alimentação deverão ser revistos pelas empresas. A tecnologia digital ocupará boa parte do sistema atual.

Todos concordam com a necessidade da utilização de novos meios de comunicação no futuro. O uso de canais digitais neste período de isolamento, até por quem não estava familiarizado com a tecnologia, mostrou que esse é um caminho sem volta.

Um dos primeiros testes para o setor vem de Tocantins. Há muitos meses se preparando para a 20ª edição da Agrotins, sempre realizada em Palmas logo após a Agrishow, os organizadores foram surpreendidos pela necessidade de cancelamento do evento presencial, devido à Covid-19.

Não se intimidaram e vão fazer a primeira feira digital do país, aos moldes da tradicional, mas sem a participação física do público e das empresas.

A indústria estará mostrando as suas máquinas e as novas tecnologias, as palestras ocorrerão normalmente e o produtor poderá acompanhar o resultado das pesquisas de produtos como soja, milho e arroz, entre outros, em um dia de campo. Tudo virtual.

A região não poderia ficar sem essa feira agrotecnológica, que se tornou um marco de novas tendências para o Matopiba, diz César Halum, secretário de Agricultura de Tocantins.

“Estamos em uma área privilegiada, bem no centro do pais, e com fácil acesso de produtores de vários estados”, diz ele. Em 2019, a Agrotins foi a 6ª maior feira do país em negociações, atingindo R$ 2,5 bilhões.

No formato deste ano, a feira, que ocorre de 27 a 29 de maio, tem como tema “Cerrado Sustentável”. Halum acredita que o evento obterá um volume de negócios ainda maior do que o do ano passado.

O produtor manterá contato com empresas e bancos via digital e fará negociações via computador, tablet ou celular.

O agricultor escolhe o equipamento que necessita entre as diversas empresas que participam da feira, opta pelo mais conveniente e leva sua proposta para os bancos, que também estarão no evento. Mas tudo digital, diz o secretário.

A aposta de que o volume de negociações e o repasse de conhecimento neste ano superarão os de 2019 vem da possibilidade de participação de produtores de todo o país. Basta o agricultor escolher a mídia que estiver acessível para fazer negócios, afirma Halum.

A partir das 8 horas do dia 27, o produtor terá acesso a máquinas, insumos, palestras e até a passeios virtuais pela feira na plataforma http://www.agrotins.to.gov.br. Se perder alguma coisa, os arquivos ficam disponíveis para consulta por 30 dias.

“Vai ser uma inovação e tem tudo para dar certo”, diz Luciano Vacari, da Abrass (Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja). A função de uma feira é mostrar o pacote de novas tecnologias, proporcionar vendas e promover a interação entre empresas e produtores.

Tudo isso é possível em uma feira digital. Mas vai faltar um pouco o ambiente romântico que as feiras sempre proporcionam, segundo ele.

Eduardo Buitron, da Tempo Comunicação & Eventos, diz que as coisas vão mudar. O barateamento de encontros online corporativos, o cumprimento de horários e o ganho de tempo dos participantes, que não precisam se submeter a viagens, vão determinar uma nova relação no agronegócio.

Para Nathan Herszkowicz, do Sindicafé, e há 28 anos participando de conferências e eventos, a nova realidade econômica das empresas vai se encarregar de colocar cada vez mais tecnologia nesses encontros.

Um pouco distante das novas tecnologias até então, e obrigado a aderir ao digital atualmente, Herszkowicz diz que é impressionante a velocidade que se imprime às decisões e aos negócios online.

Para Eduardo Daher, da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), “o conversar agora passa por novas tecnologias”. Segundo ele, ainda se utiliza mal essa tecnologia, mas há um treinamento constante.

Diante desse cenário atual de isolamento, a Abag também fará o seu congresso anual, no início de agosto, de forma virtual.

Carol Trecco, da Elite Travel, de Cuiabá, diz que uma das principais perguntas na empresa neste período de pandemia é o que virá após o isolamento.

As primeiras perspectivas eram assustadoras. Agora ela acredita em uma redução das atividades dessas empresas que dão suporte a grandes eventos de 20% a 30%. Essa retração, porém, será temporária.

Na avaliação de Carol, a queda já vinha ocorrendo, devido à redução de custos pelas empresas. Os encontros online podem suprir parte da demanda das viagens, mas elas continuarão sendo necessárias em algumas ocasiões.

Diana Bisognin Lopes, da F&B Eventos, diz que o digital está sendo a única alternativa em tempos de pandemia, mas ele não vai substituir os encontros no agronegócio. Deverá ser um complemento.

As feiras virtuais são interessantes, mas os eventos híbridos serão uma boa alternativa. O produtor precisa conversar com o técnico e o virtual não substitui o presencial, afirma.

Ela acredita, porém, que o país vai aproveitar essa nova tecnologia virtual, que expande fronteiras e aumenta muito a participação do público nos eventos.

Política Agrícola No início de junho, César Halum, atual secretário de Agricultura de Tocantins, assumirá a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, atualmente ocupada por Eduardo Sampaio.

Indicação Halum foi indicado pelo presidente do Republicanos e só deverá assumir a nova função após o término da Agrotins.

Imcopa A empresa assinou os contratos de venda das unidades industriais de Araucária e de Cambé, ambas no Paraná, para a Bunge.

Recuperação A venda é um passo fundamental para o plano de recuperação judicial, aprovado pelos credores e homologado pela Justiça, segundo a empresa.

Aprovação O objetivo da venda é garantir a operação sustentável das unidades e proteger os empregos e a economia local. O fechamento da operação ocorrerá após a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

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