Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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EUA e China mostram que negócios devem prevalecer à ideologia

No Brasil, ainda há quem misture política com negociações comerciais e busque frear essa corrente de comércio essencial para o país

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Algumas autoridades brasileiras deveriam aprender regras de negociações com EUA e China. Mesmo durante uma nova onda de guerra fria, os dois países avançam na comercialização de produtos agrícolas.

Os americanos buscam vender o quanto podem para os chineses, enquanto estes, apesar de fechamento mútuo de consulados, aceleram as compras porque necessitam dos alimentos dos EUA.

No Brasil, um dos principais fornecedores de produtos agrícolas e de carnes para a China, ainda há quem misture política com negociações comerciais e busque frear essa corrente de comércio, essencial para o Brasil.

Mesmo em um momento de acirramento de tensões entre os dois líderes mundiais, os chineses já encomendaram 8 milhões de toneladas de soja dos americanos da safra 2020/21, que ainda está na lavoura. No mesmo período do ano passado, as compras eram inferiores a 200 mil.

Colheita de soja em Canarana (MT) - Mauro Zafalon - 4.abr.17/Folhapress

Os chineses, na verdade, estão fugindo dos custos do produto brasileiro e, com isso, avançam no acordo comercial da chamada fase 1 que fizeram com os americanos.

O produto brasileiro está ficando muito caro e escasso. De janeiro a junho, o Brasil exportou 60,3 milhões de toneladas de soja, 38% mais do que no ano passado. Os chineses levaram 43,4 milhões de toneladas dessa soja. Neste mês, deverão sair mais 9 milhões dos portos brasileiros.

Daniele Siqueira, da AgRural, diz que os chineses levam em consideração as condições de mercados e, neste momento, só os Estados Unidos têm grande volume de soja.

O Brasil termina julho com vendas externas de 69 milhões de toneladas da oleaginosa, podendo chegar a 80 milhões no ano.

Resta, portanto, pouca soja para os próximos cinco meses, o que encarece o produto tanto para a indústria nacional quanto para as exportações, segundo a analista.

A China, que está recompondo o rebanho de suínos, muito afetado pela peste suína africana, necessita de matéria-prima para a produção de ração.

Mas o país asiático também vem de uma crise provocada pelo coronavírus, e o consumidor teve perda de renda. A redução de custos nas importações é essencial.

O Brasil continua sendo o grande mercado para os chineses, mas os preços internos elevados neste ano diminuem a competitividade brasileira neste segundo semestre. A saca de soja em Cascavel (PR) está próxima de R$ 107, e, em Sorriso (MT), de R$ 94.

Com isso, diferentemente do que ocorreu em 2018, neste ano a política fica de lado, e os americanos, cuja colheita ocorre neste segundo semestre, passam a ser os fornecedores dos chineses.


Bioinsumos As grandes empresas, maiores detentoras da produção de químicos, avançam na produção de insumos biológicos para a agricultura. A Basf coloca no mercado seu primeiro biofungicida para hortifrútis.

Caminhando juntos Para Rodrigo Pifano, da Basf, a atividade produtiva e o ambiente devem andar de mãos dadas. Já Pedro Mendonça, também da empresa, diz que, ao induzir a resistência da planta, o bioinsumo melhora a qualidade final do produto.

Mercado O uso de insumos biológicos atinge 20 milhões de hectares no país, diz a CropLife Brasil. São movimentados R$ 700 milhões ao ano.

Investimentos O desenvolvimento de um bioinsumo leva de cinco a dez anos, segundo a Basf. Para a CropLife, o custo mínimo de um produto de cinco anos de desenvolvimento é de US$ 7 milhões até chegar ao mercado.​

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