Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu natura sustentabilidade

Para a Aprosoja, produtores não são ouvidos em casos de sustentabilidade; setor rebate

Tema movimentou representantes do agronegócio e culminou com uma cisão de duas das principais entidades

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Não éramos representados. Essa a explicação da Aprosoja Brasil (representante dos produtores de soja) para a saída da Abag (representante do agronegócio no país).

É um racha de duas entidades importantes e preocupa o setor, principalmente em um momento de vários desafios.

Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja, disse, nesta quarta-feira (30), que os fatos reais ocorridos dentro da porteira não eram reportados pela entidade a que os produtores estavam ligados.

O representante dos sojicultores afirmou que, nas discussões, eram sempre voto vencido ou pegos de surpresa. Na avaliação dele, a Abag deve cuidar de negócios e que as ONGs estão com poder muito grande dentro da entidade.

Para a Aprosoja Brasil, a Abag adotou uma agenda punitiva e já não ouvia mais os produtores. A entidade dava força para agendas que apenas denegriam a imagem do campo, principalmente dando voz a ONGs, que não têm nada de ambientalista, e ao sistema financeiro.

Para o presidente da Aprosoja, não faltou diálogo por parte da entidade dele, mas não eram ouvidos. Um eventual retorno da entidade que representa à Abag vai depender de uma mudança de diretoria.

O presidente da Aprosoja diz que há problemas no setor. São poucos, mas há, e devem ser corrigidos. O caminho, no entanto, será pela união de entidades de dentro da porteira. As que entendem de como produzir e de como manter sustentabilidade.

Colheita de soja em Canarana (MT)
Colheita de soja em Canarana (MT) - Mauro Zafalon/Folhapress

Além de destacar, segundo ele, a ineficiência das ONGs, Braz não deixou de criticar também a atitude de empresas que utilizam o tema sustentabilidade apenas com interesses econômicos e para fazer bilhões. Incluiu nessa lista a Natura, do setor de cosméticos e de cuidados pessoais.

Não ficaram de fora das críticas do presidente da Aprosoja os habitantes do setor urbano. A cidade, disse, não sabe cuidar de seu meio ambiente.

Para Braz, sua entidade está aberta ao diálogo, e o que é ilegal deve ser combatido. O setor agrícola, porém, está pagando sozinho essa conta.

Para ele, a cisão com a Abag não prejudicará o produtor. Afinal, o que vinha ocorrendo, principalmente com relação à imagem do produtor, só pioravam as coisas.

Marcello Brito, presidente da Abag, em contato com a coluna, disse que todas as ações da entidade, desde sua fundação, e todas as ações da Coalizão do Clima –motivo principal do rompimento da Aprosoja com a Abag– são claras, transparentes e publicadas em seus respectivos sites.

Todas elas têm participação de players importantes do agronegócio nacional. A Abag não vê o agronegócio como uma divisão entre produtores dentro da porteira de um lado e indústrias de outro.

"Isso não se chama agronegócio, mas ruralismo. Agronegócio é integração de todos os setores e é esse agro integrado que impulsiona o Brasil", afirmou.

A Abag continuará defendendo o agronegócio sustentável, os processos de legalidade e a lei, segundo ele.
A Natura, em nota, considerou que os comentários do presidente da Aprosoja Brasil promovem desinformação, mas que está aberta ao diálogo e ao compartilhamento de boas práticas.

"Estamos presentes há mais de 20 anos na Amazônia, onde nossa atuação mostra que é possível construir um modelo de desenvolvimento econômico que mantenha a floresta em pé, com fortalecimento das comunidades e geração local de renda, por meio do fornecimento de bioingredientes e pagamento de repartição de benefícios."

Segundo a empresa, desde 2010 já foram movimentados mais de R$ 1,8 bilhão na região por ela e, atualmente, contribui para a conservação de 1,8 milhão de hectares de áreas verdes.

A Natura diz que em seus produtos desenvolve 38 bioativos da biodiversidade amazônica, fornecidos por meio do relacionamento com 33 comunidades locais, que correspondem a mais de 5 mil famílias.

"Dá para produzir sem desmatar. Muitos setores da economia nos mostram isso, inclusive o agronegócio", diz a nota da empresa.

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