O mercado ignorou a retirada da taxa de importação do arroz e voltou a negociar o cereal com preços recordes nesta quinta-feira (10).
A saca de 50 quilos foi comercializada a R$ 105,81 no Rio Grande do Sul para o produto em casca, posto na indústria, e com pagamento à vista.
Os preços foram apurados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), que vem indicando valores recordes diários para o cereal há um mês. A única exceção ocorreu no dia 27 de agosto, quando o cereal teve leve queda.
Guilherme Soria Bastos Filho, diretor-presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), afirmou nesta quinta-feira que o efeito da retirada da TEC (Tarifa Externa Comum) deverá refletir no mercado a curto prazo, com uma trajetória de queda de preços já nas próximas semanas.
Mesmo com o alívio esperado, contudo, os preços se manterão remuneradores e trarão de volta uma margem de lucratividade para os produtores de arroz, disse o dirigente da entidade, ao divulgar os números finais da safra de grãos 2019/20.
Historicamente, há uma tendência de alta nos preços do arroz no segundo semestre, devido à entressafra, mas o valor interno atual ultrapassou a paridade dos principais mercados produtores.
Sendo que já há um intenso movimento da indústria de beneficiamento na busca de produto externo, é provável que os preços percam sustentação no médio prazo, afirmou.
A decisão de zerar a TEC deverá criar um novo patamar de negociações, abaixo do atual, avalia o presidente da Conab.
Vlamir Brandalizze, analista do setor de arroz, diz que a retirada da taxa poderá ter um efeito psicológico, principalmente porque o preço do arroz já chegou no limite e não tem como subir muito mais.
Mas, mesmo com a melhora do volume do cereal colocado no mercado nesta semana, eles resistem e não caem, afirma o analista.
A Conab divulgou o 12º levantamento da safra 2019/20 nesta quinta-feira. A área total semeada com grãos no país foi de 65,9 milhões, e a produção atingiu o recorde de 257,8 milhões de toneladas.
A safra de arroz, o produto que está em maior evidência no momento devido aos preços elevados no mercado, ficou em 11,2 milhões de toneladas em 2019/20, com alta de 6,7% sobre a anterior. A produção de 2020/21 deverá atingir 12 milhões de toneladas.
O consumo nacional, previsto em 10,8 milhões de toneladas neste ano, deverá subir para 11,2 milhões em 2021.
Com a revisão da safra de soja, feita no mês passado, para 124,8 milhões de toneladas, a produção total de grãos deste ano atingirá 257,8 milhões de toneladas. Até o levantamento anterior, o de agosto, o órgão governamental previa 253,7 milhões.
A Conab elevou também a produção de milho para o recorde de 103 milhões de toneladas.
As colheitas de soja, milho e arroz representam 93% de toda a produção de grãos do país. Se somada a de trigo, que deverá atingir 6,8 milhões de toneladas neste ano, o percentual vai a 96%.
Mato Grosso foi responsável por 75 milhões de toneladas do volume de grãos produzido no país. O Paraná tem o segundo posto, com 41 milhões.
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