Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu tecnologia

Menos conectada, mulher do campo enfrenta barreiras

Estudo em países da América Latina e do Caribe aponta a necessidade de a mulher se apropriar das tecnologias digitais

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Duas mudanças são inevitáveis e fundamentais para um melhor desenvolvimento do campo. Uma delas é a apropriação pela mulher do campo das tecnologias digitais.

A outra é uma redução da distância digital entre o conhecimento e o poder de uso dessas tecnologias entre o campo e o centro urbano.

A estrutura social desigual inibe o avanço da potencialidade da mulher e dificulta a estabilidade e a sobrevivência das famílias rurais. Existe um enorme trabalho pela frente a ser feito para a redução das desvantagens do campo, em relação às cidades.

E as dificuldades trazidas pela pandemia podem ser um momento histórico para a redução dessas desvantagens das atividades da mulher no campo.

Um estudo realizado pela Universidade de Oxford, com apoio do IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do Fida (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), mostra que as mulheres rurais são o grupo menos conectado às tecnologias digitais na maior parte dos países da América Latina e do Caribe.

Plantação de uvas em fazenda do grupo Carrefour na região do Vale do Rio São Francisco
Estrutura social desigual inibe o avanço da potencialidade da mulher e dificulta a estabilidade e a sobrevivência das famílias rurais - Lalo de Almeida/Folhapress

Essas tecnologias podem ser um importante insumo para a busca de políticas públicas nessas regiões. O estudo mostra que as mulheres são mais carentes de informações, têm menos celulares que os homens e se utilizam menos da internet. Elas são menos conectadas e têm menor nível educacional.

A relação entre a discriminação à mulher rural e o seu distanciamento digital tinha sido pouco explorado até agora. Daí a necessidade desse estudo apoiado pelo IICA.

A menor conectividade da mulher no campo traz um forte impacto nas realidades econômica, social, sanitária e comunitária, aponta o levantamento.

O acesso das mulheres ao telefone celular e à internet auxilia a participação delas nas diferentes funções da uma vida rural. As vantagens podem ser desde a consulta às previsões do tempo até informações de comercialização de safra e operações financeiras. Em 17 dos 23 países da região analisados pelo estudo, o número de homens que têm celular é superior ao de mulheres.

“O estudo revela que o acesso reduzido a telefones celulares e à internet se soma a diversos problemas enfrentados pelas mulheres no campo, como as barreiras à obtenção de financiamento, à captação, ao emprego formal e à propriedade da terra”, disse o diretor-geral do IICA, Manuel Otero.“

Dados do Instituto Gallup mostram que há um aumento da população que utiliza celulares nessas regiões, e a diferença no uso entre homens e mulheres vinha diminuindo ao longo dos anos. Essa proporção, no entanto, voltou a piorar nos últimos cinco anos.

O estudo mostra que em alguns países, como Brasil, Argentina e Chile, há um pequeno ganho das mulheres na posse de celulares, em relação aos homens. Em outros, como México e Peru, as mulheres têm menor acesso aos aparelhos.

Os dados mostram que, na média dos países, o número de homens donos de celulares superam o de mulheres nas cidades. Estas, no entanto, superam o de homens do campo. Em último lugar, quando se refere à posse de aparelhos, vêm as mulheres rurais.

O estudo foi feito com base em pesquisas mundiais do Gallup e com números do Facebook, além do auxílio de informações da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

As avaliações desses dados foram feitas por Valentina Rotondi, cientista social, Francesco Billari, sociólogo, Luca Pesando, estudioso de demografia econômica e social, e Ridhi Kashyap, socióloga.

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