Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu inflação

A conta dos alimentos está chegando

Índice de Preços ao Produtor no setor de alimentos atinge evolução mensal de 4,4% ao mês,

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Os consumidores vão sentir cada vez a pressão da inflação no bolso. Os preços dos produtos industriais na porta das fábricas, sem impostos e sem frete, estão com a maior alta desde a criação do chamado IPP (Índice de Preços ao Produtor) pelo IBGE, em 2014.

A inflação nas indústrias já atinge 19,1% nos últimos 12 meses, e a pressão está bastante acentuada neste segundo semestre. Os alimentos são o carro-chefe, com alta de 35,9% de novembro do ano passado a outubro deste.

O aumento dos preços das commodities no campo chega aos custos das indústrias. A alta do dólar, que dá competividade ao produto brasileiro no exterior, e a demanda aquecida da China, que favoreceu as exportações, incentivaram essa evolução de preços.

No primeiro semestre, o IPP dos alimentos teve uma evolução de 8,1%, com uma média mensal de 1,3%. Já no segundo, em apenas quatro meses, a alta é de 18,8%, com uma taxa média mensal de 4,4%.

Embora o cenário econômico não seja bom, boa parte desses custos será repassada, exatamente em um período de salários mais curtos.

Segundo o IBGE, os alimentos foram os que mais pressionaram o IPP. A média geral desse índice, que inclui outros setores como indústrias extrativas e de transformação e abrange as grandes categorias econômicas, como bens de capital, bens intermediários e bens de consumo, inclusive os alimentos, teve evolução mensal de apenas 0,64% no primeiro semestre e de 3,1% de julho a outubro.

Entre os dez bens intermediários que tiveram as maiores pressões no IPP, oito são da área agrícola. Os principais já são conhecidos: arroz, soja, carnes e açúcar. Em alguns casos, como no de óleo de soja, a alta chega a 72% em 12 meses.

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País tem capacidade de colher soja, apesar da concentração, diz Conab

A concentração do plantio de soja em poucas semanas, como ocorreu neste ano, não preocupa Guilherme Soria Bastos, presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), quando se trata de colheita e de armazenagem.

Para ele, o Brasil tem boa capacidade de plantio e de colheita. Claro que, se ocorrerem muitos dias seguidos de chuva no período de colheita, poderá haver um atraso.

Essa eventual colheita tardia levaria a um atraso no plantio da segunda safra. O produtor, contudo, sempre planta sabendo da estrutura de que dispõe para colher, afirma o presidente da Conab.

Em relação à armazenagem, nessa época os armazéns de grãos estão vazios, já esperando a colheita. Em muitas regiões, a soja nem chega a ser armazenada. Ela passa pelo armazém apenas para secagem, afirma Bastos.

Além disso, apesar da concentração do plantio, há uma diversidade muito grande do ciclo das variedades de soja, o que ajuda a escalonar a colheita.

A área onde não será semeada a segunda safra de milho é cultivada com variedades de ciclo mais longo, afirma.

Diante dessa preocupação com o cenário deste ano, a Conab verificou o que ocorreu na safra 2019/20. Em Mato Grosso, líder nacional de produção, a média de colheita semanal foi de 770 mil hectares, considerando-se do início ao final da colheita.

Já a capacidade máxima das máquinas no estado é de 2,5 milhões de hectares por semana. No Paraná e no Rio Grande do Sul, outros dois importantes produtores, a média de colheita de soja foi de 400 mil hectares por semana, mas a capacidade máxima das máquinas nesses estados chega a 1,1 milhão de hectares por semana.

A capacidade de colheita do país supera em muito a necessidade média semanal, como mostram os dados. Apenas um excesso de chuvas complicaria a ação das máquinas no campo, segundo a Conab.

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