Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Safra recorde de grãos, mas com preços bem aquecidos

MT, que ainda planta, já comercializou 65% da safra de soja de 2021; EUA, que ainda colhe, já vendeu 82% do que vai exportar

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Brasil e Estados Unidos, dois dos principais fornecedores mundiais de grãos, divulgaram novos números de produção nesta terça-feira (10).

A safra brasileira de grãos, que ainda está sendo semeada, tem perspectivas de mais um recorde, podendo atingir 269 milhões de toneladas. A safra americana, que já está sendo colhida, apresenta queda de produtividade nesta reta final.

O Brasil vai bem na soja e deverá colher o recorde de 135 milhões de toneladas, mas os Estados Unidos terão recuo de safra para 115,5 milhões, após estimativas de até 120 milhões.

No caso do milho, os americanos, que esperavam mais de 400 milhões de toneladas, deverão ficar com 368,5 milhões. O Brasil deverá colher um volume recorde de 105 milhões.

Esses volumes são representativos, mas não o suficiente para frear o aquecimento dos preços. Os Estados Unidos, após registrarem estoques recordes de 24,7 milhões de toneladas de soja em 2018/19, durante o ápice da guerra comercial com a China, deverão terminar essa safra com apenas 5,2 milhões, um dos menores volumes da história do país.

O governo brasileiro parou de fazer esses acompanhamento para a soja, mas os estoques brasileiros também são bastante apertados. Em Mato Grosso, principal estado produtor, pelo menos 65% da soja que está sendo semeada já não pertence mais aos produtores, devido às vendas antecipadas.

Lavoura de milho no norte do Paraná
Lavoura de milho no norte do Paraná - Mauro Zafalon - 15.jul.2019/Folhapress

Nos Estados Unidos, onde ainda não foi terminada a colheita, 82% da soja que deverá ser exportada nesta safra já foi vendida, segundo a AgRural.

No caso do milho, os que ainda têm o cereal no Brasil5G abrind continuam sem vontade de vender. O clima não está favorável neste ano e já há sinais de perda de produtividade em algumas regiões do Sul.

Além disso, o atraso no plantio da soja pode fechar o período ideal para o cultivo do milho safrinha, que vem logo após o da soja, segundo Daniele Siqueira, da AgRural.

Nos Estados Unidos, os produtores estão otimistas. A quebra de produção na Ucrânia, país que tem o mesmo calendário de plantio e de colheita dos EUA, abriu novas fronteiras para as exportações americanas.

Mais uma vez, a China será a saída para os produtos brasileiros e americanos. As importações chinesas de soja deverão atingir a marca de 100 milhões de toneladas. As de milho, sempre em volume pequeno, ganham um ritmo ainda maior nesta safra, podendo chegar a 22 milhões.

O comportamento dos preços dos produtos básicos também não deverão ser muito favorável no Brasil na safra 2020/21. Apesar do aumento de 3,2% na de área de arroz, a produtividade recua 5,1%. Com isso, o país produzirá 10,96 milhões de toneladas, abaixo da estimativa inicial de 12 milhões de toneladas.

A produção de feijão, apesar da estabilidade de área de plantio, também recua. Serão 3,1 milhões de toneladas, 3,7% menos na safra 2020/21.

*

Mais Qualidade O café brasileiro tem melhorado muito de qualidade nas últimas décadas. Boa parte dessa melhora se deve a empresas que fizeram parcerias e programas de fidelização com produtores, remunerando melhor e levando conhecimento ao campo. Nespresso e illycafè fazem esses programas há anos.

Sustentabilidade Guilherme Amado, do Nespresso AAA de Qualidade Sustentável, um programa que existe há 15 anos, diz que é possível notar uma melhoria significativa na qualidade do café e na performance de sustentabilidade das fazendas.

Relacionamento Pelo programa, foi possível a implantação de uma cultura de café de qualidade no Brasil e ampliar um relacionamento de longo prazo e de parcerias dentro da cadeia de fornecimento, segundo Amado.

Oportunidade dupla Para a empresa, é a garantia de um fornecimento consistente de café de qualidade sustentável. Para as fazendas, é uma garantia da venda de seu café por um valor acima do de mercado, afirma ele.

Prêmio A Nespresso paga de 30% a 40% mais pelo café de qualidade, o que rende prêmio de US$ 10 milhões aos mais de mil pertencentes ao programa, segundo Amado. Na semana internacional do café, neste mês, serão homenageados dez produtores e produtoras desse programa.

Fidelização A italiana illycaffè também mantém um programa que busca um café sustentável e de qualidade no Brasil. A empresa tem, desde 1991, um programa de fidelização de fornecedores, pagando prêmios pelo produto diferenciado, segundo representante da illycaffè.

Terceira geração A partir da safra 2021/22 os produtores terão a terceira geração de biotecnologia com genética avançada. É o que promete a Monsoy, marca de sementes de soja da Bayer, com a colocação no mercado da Intacta 2.

Terceira geração 2 As novas variedades têm eficiência contra lagartas e permitem que os sojicultores possam fazer controle de plantas daninhas, segundo Antonio Everaldo, da Monsoy. A empresa colocará variedades adaptadas às principais regiões produtoras do país.

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