Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Apesar de pandemia, agronegócio termina ano com recordes

PIB aumenta 8,5% até agosto, e metade dos dólares gerados com exportações vem do setor

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A pandemia trouxe preocupação ao setor do agronegócio no início, principalmente com relação à logística interna e externa da distribuição de alimentos.

O que se vê, porém, é um fechamento de ano com números recordes e bem acima dos esperados. Internamente, foi um período de maior consumo de alimentos em casa. Externamente, a demanda continuou firme, principalmente a vinda do mercado chinês.

O resultado foi um PIB do agronegócio com crescimento recorde de 8,5% no período de janeiro a agosto, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

O produtor foi beneficiado por preços internos até então não vistos no mercado brasileiro, tanto no setor de grãos como no da pecuária. A aceleração da alta do dólar trouxe para dentro do país um preço bem mais apetitoso, em reais, para os produtores.

Com isso, o VBP (Valor Básico do Produto) vai atingir o recorde de R$ 886 bilhões neste ano e deverá superar R$ 1 trilhão no próximo. Esse é o montante de dinheiro que circula dentro das porteiras. Ele é resultado da soma do volume produzido e dos preços praticados nas negociações.

Os dados da balança comercial mostram o quanto o setor agropecuário foi importante para as contas do país neste ano. De janeiro a novembro do ano passado, antes da pandemia, as exportações do agronegócio representavam 43% do total das vendas externas do país. Neste ano, essa participação subiu para 49%.

As exportações do agronegócio somaram US$ 94 bilhões no período, com alta de 5%. O saldo líquido da balança do setor foi de US$ 82 bilhões até novembro, ajudado pela redução de 7% nas importações. Já as exportações fora do agronegócio recuaram 15% no período, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Dois produtos se destacam no mercado externo, trazendo bons resultados para a renda dos produtores internamente: soja e açúcar. A oleaginosa se mantém como destaque na economia brasileira. O Brasil já exportou 83 milhões de toneladas de grãos até novembro. Com isso, o complexo todo (grãos, farelo e óleo) rendeu US$ 35 bilhões, 13% mais do que no ano passado.

A demanda externa pelo produto, principalmente a vinda da China, fez com que os preços internos da saca se aproximassem dos R$ 170. Atualmente em R$ 151, supera em 72% os valores do final de 2019.

Preço e safra recordes geraram um valor bruto de produção de R$ 238 bilhões neste ano para a soja, 27% mais do que no anterior. Para 2021, quando a safra estimada é de 134 milhões de toneladas, o VBP da soja deverá atingir US$ 330 bilhões.

O açúcar, com o aumento das demandas interna e externa, está sendo negociado a R$ 107 por saca nas usinas paulistas. Esse valor supera em 47% o de dezembro de 2019.

As exportações, que já atingiram 28 milhões de toneladas no ano, superam em 70% as de 2019. Receitas, segundo a Secex, atingiram US$ 8 bilhões.

As carnes, devido às demandas externa e interna, geraram bons preços no campo. O valor
da arroba do boi, que chegou próximo de R$ 300, está em R$ 255, alta de 23% no ano.

O saldo para o setor é bastante positivo. O auxílio emergencial manteve a demanda interna para as carnes de menor valor, e a China garantiu um bom volume nas exportações. O setor deverá trazer para dentro do país pelo menos US$ 17 bilhões neste ano.

Os bons preços externos fizeram de 2019, no entanto, um ano atípico. Com vendas aceleradas no primeiro semestre, o Brasil teve de elevar as importações nos últimos meses.

As compras de soja já somam 847 mil toneladas, de janeiro a dezembro, o maior volume para o período desde 2003.

O mesmo ocorreu com o arroz. O câmbio tornou o cereal brasileiro bastante competitivo nas exportações, mas o setor chega ao final do ano com uma aceleração nas compras externas.

No mês passado, as importações de arroz somaram 188 mil toneladas, 183% mais do que em novembro de 2019.

Em 2021, os preços não deverão ser tão favoráveis como os de 2020, mas, mesmo assim, o produtor manterá renda.

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