Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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China abre perspectivas para sorgo e milho brasileiros

Nos próximos dez anos, as importações chinesas de grãos para a produção de ração vão ter forte crescimento, segundo banco

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A China deverá usar pelo menos 300 milhões de toneladas de grãos para a composição de ração nos anos 2030. Isso abre uma nova janela para o Brasil.

Líderes mundiais em importações de soja, os chineses vão se tornar também grandes compradores de milho, de sorgo, de cevada e de trigo.

Com solos bastante variados, o Brasil poderá avançar na produção de todas essas culturas e, assim como já faz com soja, abocanhar uma parte ainda maior do mercado internacional de grãos.

O apetite chinês, agora voltado para outros grãos, gera um crescimento firme no consumo interno do país asiático, provoca um patamar recorde de importação e eleva preços.

Esses devem ser os novos pontos de equilíbrio a serem levados em consideração para os grãos usados na composição de ração na China até 2030, conforme um relatório do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

O aumento da demanda chinesa de grãos tem como base uma recomposição da suinocultura no país, devastada pela febre africana suína, a partir de meados de 2018.

Além disso, para reduzir o déficit de proteínas, os chineses estão apostando muito em um aumento da produção na avicultura.

Das safras 2020/21 a 2025/26, o consumo de grãos deverá ter elevação de 3,3% ao ano. Já na segunda metade da década, a evolução será de 1,5%.

Esse recuo na taxa ocorre devido a uma evolução na genética dos animais, a uma melhora na taxa de conversão dos alimentos, a uma maior produtividade e a um possível recuo no consumo de proteínas.

Para melhorar a produção e elevar a oferta interna de grãos, a China deverá fazer mudanças na política agrícola. Uma delas será o aumento ou a liberação da cota de importação de milho, hoje em 7,2 milhões de toneladas por safra. A demanda poderá chegar a 30 milhões de toneladas.

O governo deverá rever a política de estímulos para a produção, com mais subsídios e maior volume de seguro, segundo o Rabobank. É um desafio, uma vez que, para aumentar a produtividade, deverão ser utilizadas sementes de qualidade, agricultura de precisão e o uso de milho transgênico com resistência a estresse hídrico.

Os chineses, que têm um déficit de milho desde a safra 2015/16, deverão equilibrar oferta e demanda nos anos 2030.

Mesmo assim, haverá a necessidade de importações de milho e de outros grãos, como sorgo, trigo e cevada. Os chineses querem manter estoques adequados e se prevenirem contra quebras de safra. A China comprou 920 mil toneladas de soja dos Estados Unidos na semana terminada em 10 de dezembro. As compras de milho somaram 232 mil, as de sorgo, 326 mil, e as de trigo, 68 mil.

Segundo o Rabobank, os americanos têm o maior potencial de exportação desses grãos para os chineses. Após a guerra comercial entre os dois países, porém, a China quer abrir novos canais para a compra desse grãos no Brasil, na Argentina e na Ucrânia.

*

Café As lavouras deste ano tiveram um bom desempenho e atingiram 63 milhões de sacas de café beneficiado, um recorde em volume e 28% mais do que em 2019.

Café 2 A safra foi influenciada pelo efeito da bienalidade positiva. Em relação a 2018, quando também houve esse efeito, a evolução é de 2%, segundo dados da Conab. A produção de café arábica foi de 49 milhões de sacas.​​

Matocompetição É um problema crescente no Brasil, pois não existem soluções efetivas para o controle das plantas daninhas. Elas competem por água, por luz, por nutrientes e por espaço com as culturas normais, além de hospedar pragas e doenças.

Prejuízos O resultado dessas ervas daninhas nas lavouras é um impacto na qualidade final do produto e uma perda de 15% na produtividade. Além dessa perda há uma elevação dos custos com o controle. No caso da soja, carro-chefe das lavouras brasileiras, a perda já chega a R$ 9 bilhões por ano, com custos de R$ 4,2 bilhões no controle das plantas daninhas.

Minimizar perdas Elton Visioli, gerente de produtos herbicidas da Ihara, afirma que o desenvolvimento de soluções tecnológicas e inovadoras colaboram para que estas perdas sejam minimizadas, tanto pela proteção mais efetiva dos cultivos como pela melhoria do manejo.

Controle Para Visioli, os herbicidas pré-emergentes contribuem para o aumento da produtividade, pois se destacam pelo longo período residual, pela alta seletividade e pelo controle das principais plantas daninhas resistentes no Brasil. A empresa, segundo ele, está investindo nessa linha de produto.

Repensando Os associados da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) previam uma redução de 16% na área de plantio e de 17% na produção de algodão para a safra 2020/21.

Cenário novo Informações vindas da indústria, de que a retomada está melhor do que o previsto, animaram os produtores. Área e produção poderão ficar acima do 1,3 milhão de hectares e dos 2,4 milhões de toneladas previstos inicialmente.

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