Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Para CNA, não são os EUA que definem o que vamos produzir e exportar

Presidente da entidade, João Martins, afirma que o produtor não deve ter ideologias e bandeiras, mas buscar atender ao mercado

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O produtor não deve ter ideologias e bandeiras, e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) procura se afastar dessas discussões, quer elas sejam do governo brasileiro quer de outros governos.

A afirmação é de João Martins, presidente da CNA. Para ele, “não são os Estados Unidos que vão definir o que devemos produzir e o que vamos vender”.

A afirmação do executivo foi feita nesta terça-feira (1) e se referia a posições e comentários do governo brasileiro e de parlamentares em relação à China.

O Brasil exporta para 170 países e quer manter boas relações tanto com China, com União Europeia, com Vietnã, com Tailândia como com todos os outros parceiros, afirmou. A entidade apresentou os números de desempenho da agropecuária neste ano e fez previsões de como vê o setor em 2021.

Para Martins, a entidade está sempre conversando com a China, e os produtores vão entregar o que acertaram. Na avaliação do executivo, o país precisa exportar, uma vez que produz alimentos suficientes para 1,2 bilhão de pessoas, e o mercado nacional é pouco mais de 200 milhões.

O país vende para mercados que querem comprar e para quem paga melhor, diz ele.

Para Lígia Dutra, superintende de relações internacionais da entidade, o compromisso do setor é pragmático e positivo, tanto com a China como com outros parceiros comerciais.

Sempre existem tensões no ambiente internacional. Se um país, no entanto, não segue as regras comerciais internacionais de comércio, existem organismos especializados para resolver essas questões, como a OMC (Organização Mundial do Comercio).

No balanço feito pela entidade nesta terça-feira, Bruno Lucchi, superintendente técnico, afirmou que poucos produtores se aproveitaram dos preços recordes de alguns produtos neste ano. Os agricultores já tinham vendido boa parte da produção no período de colheita, e a preços menores.

Quanto a 2021, apesar do grande percentual de vendas já antecipadas, ele afirma que esses ganhos são limitados a produtores que têm possibilidade de vendas no mercado futuro ou que fazem barter (troca de insumos por produtos), como os de soja, de milho e de algodão.

Boa parte dos produtores não tem esses instrumentos de vendas e não tem também o incentivo do dólar, que aumenta a receita em reais nas exportações.

Os que comercializam apenas internamente, como hortaliças, frutas e leite, recebem o impacto da moeda americana nos custos, sem os benefícios do câmbio, como recebem, muitas vezes, os exportadores.

As cadeias que não têm uma política eficiente de gestão vão sofrer mais do que as que têm, segundo Lucchi.

Em previsões para 2021, a CNA estima uma evolução do PIB (Produto Interno Bruto) da agropecuária em 3%.

A entidade leva em consideração nessas previsões o aumento esperado de produção, a expectativa da continuidade da demanda —e consequentes preços positivos—, além dos custos de produção.

Na avaliação da CNA, o PIB do Brasil cresce 3,2% no próximo ano, e o câmbio médio será de R$ 5,20. O Valor Bruto da Produção vai a R$ 943 bilhões, com aumento médio de 4,2%. A pecuária terá ritmo melhor, com evolução de 13,8%, enquanto a lavoura evoluirá 1,1%.

No setor externo, Dutra afirma que vários fatores podem influenciar o mercado agropecuário. Entre eles, o desenrolar da pandemia, a política comercial do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o Brexit.

A entidade quer acelerar o projeto AgroBR, ampliando a presença na Ásia. Após o escritório de Xangai, na China, abrirá um outro em Singapura.

*

Importação de soja atinge 748 mil toneladas no ano

A agricultura chega ao final do ano com fôlego curto. O setor já exportou tanto nos meses anteriores que novembro teve uma representatividade menor nos números do agronegócio.

As exportações do mês recuaram para US$ 2,8 bilhões, 22% menos do que em igual período do ano passado, enquanto as importações subiram para US$ 348 milhões, 8% mais.

Apesar de um novembro fraco, o agronegócio mostra o quanto evolui neste ano. A agropecuária chegou ao final do mês passado com receitas acumuladas de US$ 42,9 bilhões, 22,4% de tudo que o país arrecadou no mercado externo.

A soja, principal item da pauta de exportação do setor, teve comportamento totalmente atípico. Ao mesmo tempo em que o país liderou as exportações mundiais da oleaginosa, foi também um dos grandes importadores de janeiro a novembro.

As exportações atingiram 82,4 milhões de toneladas até o mês passado, um volume jamais alcançado antes. Já as importações somaram 748 mil toneladas, maior volume desde 2002, quando o Brasil ainda não tinha grande participação no mercado internacional de soja.

O milho está com comportamento discreto. A demanda intensa interna, devido à exigência internacional das proteínas brasileiras, inibiu as exportações. Mesmo assim, o país já chega aos 30 milhões de toneladas até novembro, abaixo dos 39 milhões de igual período do ano passado.

A grande surpresa do ano é o açúcar. Após um período difícil em 2019, as exportações deste ano do grupo de açúcar e melaço já somam 28 milhões de toneladas, bem acima dos 17 milhões de 2019.

As compras externas de arroz, com a liberação da taxa de importação, já somam US$ 294 milhões no ano, acima dos US$ 229 do ano passado. As exportações praticamente zeraram no mês passado.

A carne bovina mantém desempenho superior ao de 2019, obtendo receitas 19% acima. Já as receitas do frango, que teve perda média de 13,4% nos preços internacionais, recuaram 13,1%.

*

Demanda aquecida a maior procura por embalagens para alimentos e o crescimento no segmento de aerossol fizeram a produção e comercialização de latas da JBS Embalagens Metálicas atingir 215 milhões de unidades no terceiro trimestre deste ano. O volume é recorde e supera em 10% o do mesmo período de 2019.

Ainda mais a empresa acredita na evolução intensa do mercado de embalagens e coloca em operação uma nova fábrica neste mês. A nova unidade, além de elevar a diversidade dos negócios, vai ajudar no processo de agregação de valor da companhia.

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