Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Setor sucroenergético vai do medo inicial a bons resultados

Produção e preços foram bons, produtor ganhou mais e até a contratação de trabalhadores teve saldo positivo

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O setor sucroenergético tinha tudo para ficar preocupado no início de safra, em abril, quando a pandemia provocada pela Covid-19 mostrava toda a sua força.

O isolamento confinou as pessoas em casa e reduziu drasticamente o movimento nas ruas. O consumo de etanol, uma das principais matérias-primas do setor, despencou.

Analisando os números neste final de ano, vê-se que o setor acabou sendo um dos menos prejudicados. O saldo líquido de empregos foi de 34 mil trabalhadores na região centro-sul, e a moagem de cana deverá atingir 605 mil toneladas.

A produção de açúcar sobe para 38,4 milhões de toneladas e a de etanol será de 30,4 bilhões de litros. O ATR (Açúcares Totais Recuperáveis), que é a aferição da qualidade e do rendimento da cana, subiu para 144,7 quilos por tonelada de cana, o maior patamar desde a safra 2008/2009.

A safra acabou sendo positiva em todos os aspectos, desde o resultado da produção de açúcar e de álcool, como a geração de energia e a venda CBios (certificados de crédito de descarbonização emitidos pelas produtoras de etanol).

O álcool, o mais preocupante para o setor, devido à redução nacional dos transportes, acabou não sendo problema.

Apenas 16% da cana produzida teve de, obrigatoriamente, ser destinada à produção do combustível. Com os 84% restantes, os produtores puderam optar entre o etanol e açúcar.

Este último foi o pulo do gato. As exportações dispararam, os preços melhoraram e o consumo interno subiu próximo de 10%. Confinadas em casa, as pessoas passaram a utilizar mais açúcar do que nos anos anteriores.

Já os preços do etanol não foram tão ruins como se imaginava. Seguiram os patamares de 2019. Mas quem optou pelo açúcar teve uma remuneração 22% superior à do etanol.

Os produtores de cana, que recebem conforme a evolução interna e externa dos preços de negociações das matérias-primas geradas pelo setor, vão receber R$ 100 por tonelada de cana entregue às usinas, conforme preços do Consecana.

A safra da pandemia acabou não afetando tanto o setor sucroenergético como ocorreu com outros, afirma Antonio Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

A mobilidade não voltou ao normal, mas há expectativas de que isso ocorra até o final da safra, que termina em março do próximo ano.

A safra 2021/22, que se inicia em abril de 2021, poderá não ter as mesmas características da atual. A oferta de cana será menor, e a qualidade da matéria-prima não deverá atingir os patamares deste ano.

A seca afetou o desenvolvimento da cana, o que deverá reduzir a oferta da matéria-prima. Além disso, a aceleração dos preços dos grãos, principalmente os da soja e os do milho, vão ter efeito sobre a área de cana no centro-sul.

A boa notícia é que parte da produção de açúcar do próximo ano já foi comercializada a preços remunerativos. As perspectivas para a produção de etanol de milho, que saiu de 1,63 bilhão de litros na safra passada para 2,65 bilhões nesta, se mantêm boas.

*


Tecnologia veio para ficar

A comunicação entre as empresas e o campo adquiriu novas formas nesse período de pandemia. Elas vieram, no entanto, para ficar. A bovinocultura brasileira pouco sofreu com a influência do vírus, que atacou tanto o país como o resto do mundo.

Os preços do boi foram recordes, e a demanda externa aquecida. Embora os custos de produção tenham subido, houve renda para o pecuarista.

Essa melhora no rendimento permitiu um avanço na adoção de tecnologias no campo, principalmente as relacionadas a manejo, a genética e a nutrição animal. O consumo de suplementação mineral cresceu 10% do início do ano a novembro.

Juliano Acedo, diretor de marketing da Ruminantes da DSM, dona da marca Tortuga, diz que o bom desempenho do setor neste ano deu estímulo ao produtor para ser mais eficiente.

Com a alta dos custos, porém, não pode haver negligência na nutrição e no manejo. A exigência chinesa de um boi com idade inferior a 30 meses força o produtor a buscar mais tecnologia na produção.

Essa necessidade de o produtor ter respostas mais rápidas está permitindo também uma comunicação digital mais acelerada. É uma ferramenta que ainda precisa de ajustes, mas tem cooperado para atender às necessidades do produtor com melhor tecnologia e mais rapidamente, diz Acedo.

Sergio Schuler, vice presidente da empresa, afirma que o futuro vai exigir uma comunicação híbrida. O contato direto com o pecuarista vai continuar, mas o digital pode tornar a comunicação mais rápida e mais eficaz em muitos casos, como na gestão da fazenda e na comparação de dados.

Para Acedo, os novos meios de comunicação podem atender o produtor em tempo mais exíguo, além de evitar longas viagens até as fazendas.

Os ajustes vão continuar, mas a pandemia trouxe novos meios de comunicação que vão ser adotados, mesmo após a volta à normalidade, diz o diretor de marketing.

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