Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Um ano de bolso cheio no campo, e para não ser esquecido

Produção recorde e preço externo elevado geram renda; pequena indústria que utiliza grãos vai pagar a conta

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Um ano para não ser esquecido. Esse deve ser o resultado líquido para os produtores nesta safra 2020/21. E 2021 não está isolado, uma vez que repete bons momentos também registrados nos últimos anos.

O caminho para a concretização dessa safra ainda é longo, e depende do clima, mas o resultado final será bem diferente do de dificuldade projetado no início de safra. Houve atraso no plantio da soja, o que gera, consequentemente, retardamento do semeio do milho.

André Debastiani, coordenador do Rally da Safra, uma expedição anual de avaliação da safra, prevê uma colheita recorde de 132,4 milhões de toneladas de soja no país e de 109 milhões de milho.

Com os preços altíssimos das commodities, será um excelente ano para a balança comercial e para o bolso dos produtores, acrescenta André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult.


A produtividade média de soja deverá ser de 57,4 sacas por hectare. Descontados os gastos, o produtor fica com 18. Já os que pagam arrendamento ficam com 8. Pelo menos 70% da safra que deverá ser colhida já foi comercializada a, em média, R$ 100 por saca.

Restam ainda, os lucros do milho, que também está com os preços elevados. E, neste caso, não há o peso do arrendamento.

Os números estimados são estes, mas há alguns desafios pela frente. A concentração do plantio da soja em tempo tão curto vai exigir uma colheita também em espaço menor do que o usual. O setor mostrou agilidade no plantio, mas terá de mostrar a mesma agilidade na colheita, afirma Pessôa.

Os preços externos elevados têm fundamentos. Os estoques de grãos são pequenos nos principias produtores mundiais, a demanda está aquecida e a China, tradicional compradora de soja, entrou também, e com força, na importação de milho.

Pedro Palma, vice-presidente comercial da Rumo, afirma que o produtor acaba sendo beneficiado, ainda, pela melhora atual da logística.

Atualmente, pelo menos 30% das principais commodities exportadas pelo país são transportados por ferrovia. O custo do frete é menor do que o rodoviário, e essa vantagem chega também ao produtor por meio do preço pago à mercadoria.

Preço bom e produtividade significam renda no campo, diz Carlos Aguiar, diretor de Agronegócios do Santander. As operações do banco para o setor rural cresceram 35% na comparação de dezembro último com igual mês de 2019.

Ivan Jarussi, gerente de cultura da FMC, afirma que esse bom momento justifica os investimentos feitos pelos produtores nesta safra. Afinal, não se pode dar ao luxo de ter bons preços no mercado e não colher, afirma.

As boas perspectivas de produção e de lucro no campo incentivaram a expansão de área e as vendas no setor de fertilizantes. Para Newton Carvalho, diretor da PhosAgro, as entregas de adubo do ano passado cresceram 8%, uma evolução inesperada.

Os bons momentos no campo, no entanto, podem significar preços hostis para as pequenas indústrias e usuários de grãos, principalmente os de milho.

A disputa pelo cereal brasileiro será grande, segundo Pessôa. Pelo menos 50% da produção da safrinha já foi vendida antecipadamente, e os preços no exterior continuam favoráveis, principalmente para o produto brasileiro, que é de qualidade.

Por isso, quem não tem estrutura financeira para antecipar compras, vai chegar ao mercado em um período de preços ainda mais elevados, e pagar caro, afirma o diretor da Agroconsult.

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