Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Brasil importa trigo, arroz e até soja, e agro dos EUA se recupera em 2020

As exportações ainda não estão em patamares normais, mas já voltaram para US$ 146 bilhões

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Após desaceleração nos três primeiros anos do governo de Donald Trump, o agronegócio americano se recuperou em 2020. As exportações ainda não estão em patamares normais, mas já voltaram para US$ 146 bilhões.

E o Brasil ajudou nessa recuperação. Conforme os dados consolidados, divulgados pelo governo na sexta-feira (5), dois países se destacaram: China e Brasil.

Em uma lista dos 35 principais parceiros, o Usda (Departamento de Agrícola dos Estados Unidos) mostrou que as exportações dos Estados Unidos para o país asiático aumentaram 91% em 2020. Nesse mesmo período, as vendas para o Brasil cresceram 27%.

A participação chinesa no mercado americano ocorreu devido à necessidade de reposição de estoques de alimentos, principalmente após a menor oferta dos países da América do Sul.

O aumento das compras chinesas serviu também para diminuir o buraco que a guerra comercial tinha provocado na balança do agronegócio entre os dois países.

No ano passado, os americanos exportaram o correspondente a US$ 29 bilhões para os chineses, abaixo do que previa o acordo firmado pelos dois países, mas bem acima dos US$ 13 bilhões de 2018.

No caso brasileiro, o aumento das exportações americanas para o país ocorreu devido à retirada da TEC (Tarifa Externa Comum) de vários produtos.

Com isso, as importações brasileiras de trigo americano subiram 84% em 2020, para 765 mil toneladas. As de arroz tiveram evolução de 82%, somando 120 mil toneladas.

O Brasil chegou a importar até soja dos Estados Unidos. O volume foi pequeno, de 62 mil toneladas, mas o maior desde 1997, segundo o Usda.

Apesar desse aumento das exportações, os EUA ainda não conseguiram recuperar mercado em várias regiões, como Europa, Oriente Médio e a própria América do Norte. Os mercados da Ásia e da América do Sul, devido à China e ao Brasil, voltaram a ser positivos.

Os americanos deixaram a política de lado e até esqueceram as diferenças com a Venezuela, elevando em 154% as vendas para o país em 2020. Os EUA aumentaram as vendas de trigo, de milho, de arroz, de soja e de produtos lácteos para o vizinho brasileiro.

O grande mercado reconquistado pelos americanos, porém, foi o da China, que voltou a comprar soja em boa quantidade e aumentou, em muito, as compras de trigo, de milho e de carnes.

Com isso, as receitas líquidas dos produtores subiram para US$ 121 bilhões em 2020. Para este ano, a estimativa é de US$ 111 bilhões, um volume menor, mas bem superior aos US$ 83 bilhões de 2019.

Soja e milho vão dar um bom suporte financeiro para os produtores neste ano, podendo acrescentar mais US$ 16,1 bilhões nas receitas. O milho deverá atingir US$ 55 bilhões, e a soja, US$ 48 bilhões.

As receitas subiram no ano passado e devem se manter em patamar elevado neste ano devido aos efeitos preço e quantidade.

As commodities estão com valor de negociação em patamar mais alto, e os americanos terão mais produto para exportar.

Mas os americanos, assim como os brasileiros, vão passar por um período de alta nos custos. Ela virá de combustíveis, devido à elevação do petróleo, de fertilizantes e, para os que são da área de proteínas, do aumento da ração.

Pesa no bolso dos americanos a dívida, Ela é estimada em US$ 441 bilhões pelo Usda, com evolução de 2% em relação ao montante do ano anterior. Está próxima de 14% do valor dos ativos do setor, um percentual crescente desde 2012.

Os dados finais das exportações do agronegócio dos EUA do ano passado indicaram 64 milhões de toneladas de soja, 52 milhões de milho e 26 milhões de trigo.

O governo de Joe Biden não deverá se ater a uma pauta ideológica nas exportações agrícolas, como fez Donald Trump. Se o Brasil insistir nessa linha, perderá mercado.

É só ver o que ocorreu com a Venezuela. Deixando a política de lado, os americanos avançaram no mercado do país vizinho, ocupando espaço que poderia ter sido do Brasil.

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