Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Exportação de soja, carro-chefe do agronegócio, cai 96% em janeiro

As vendas externas da oleaginosa caíram 95% em valor e 96% em quantidade no período

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O carro-chefe do agronegócio, a soja, não andou no mês passado, e as exportações totais do setor recuaram 2,6% em relação às de janeiro de 2020.

​As vendas externas da oleaginosa caíram 95% em valor e 96% em quantidade no período. Devido ao atraso no plantio e, consequentemente na colheita, as exportações de janeiro somaram apenas 49,5 mil toneladas, o menor volume nos meses de janeiro desde 2014.

Dados divulgados nesta segunda-feira (1º) pela AgRural apontam que o atraso na colheita e chuvas constantes em algumas regiões fizeram com que apenas 2,5 milhões de toneladas da oleaginosa tivessem sido colhidos até agora neste ano. No mesmo período de 2020, eram 12 milhões.

Essa escassez de produto mantém os preços internos bastante aquecidos. A saca está sendo negociada a R$ 169 no porto de Paranaguá, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Nos últimos 12 meses, o valor da oleaginosa teve alta de 95%.A queda nas exportações de soja foi compensada, em parte, pelas de milho e de açúcar.

A venda externa do cereal atingiu 2,5 milhões de toneladas, 33% mais do que em janeiro de 2020. A de açúcar, ao somar 2,1 milhões, teve alta de 44%.

A continuidade da demanda externa por commodities brasileiras força a alta interna dos preços, e vários produtos estão sendo negociados com valores recordes. O consumidor vai continuar pagando mais pelos alimentos. Neste primeiro mês do ano, a saca de milho esteve em R$ 83, com alta de 62% em 12 meses.

Em 24 meses, o aumento foi de 113%. A saca de açúcar atingiu o recorde de R$ 109 no mercado interno, uma evolução de 76% em relação a 2020, segundo o Cepea.

O milho e o açúcar deverão manter preços aquecidos internamente nos próximos meses. A China entrou de vez nesses mercados. Os chineses deverão adquirir próximo de 27 milhões de toneladas do cereal neste ano. No anterior, foram 7,6 milhões de toneladas. Em período de entressafra, o arroz teve exportações escassas.

Os preços internos cederam em janeiro, mas ainda estão em patamares bem superiores aos do mesmo período dos anos anteriores. A saca está sendo negociada a R$ 89, segundo o Cepea, abaixo dos R$ 106 atingidos em outubro do ano passado, mas ainda 74% acima do valor de janeiro de 2020. As proteínas continuam com demanda externa acima da de 2020.

A média diária da venda externa de carne bovina superou em 1% a de janeiro do ano passado, enquanto a da suína teve evolução de 3,6%. Já a de frango recuou 3%.

Essa demanda externa mantém a arroba do boi em patamar recorde. Esse preço é puxado também pelos valores do bezerro, que atingiu R$ 2.604 em janeiro, um patamar nunca registrado antes, segundo Luciano Vacari, diretor da NeoAgro Consultoria.

Apesar de a arroba estar a R$ 301, o pecuarista não tem uma boa margem. Preço elevado do bezerro e do boi magro, seca nas pastagens e alta no preço do milho e no da soja restringem a receita do produtor, segundo Vacari.

Esses preços recordes no pasto, contudo, levam o consumidor a pagar mais pelo quilo da carne vermelha, afirma o diretor da NeoAgro.

A pressão maior dos valores de negociações do suíno pode ter passado. As exportações de janeiro atingiram 56 mil toneladas, segundo a Secex, mas a China parece que está recompondo sua suinocultura com mais rapidez do que se imaginava.

Isso é ruim para o produtor nacional porque, além de importar menos, os chineses deverão enxugar mais o mercado internacional de milho e de farelo de soja, dando sustentação aos preços internacionais dessas commodities e, consequentemente, elevando os custos de produção no Brasil 2021 repete 2020.

​A demanda externa continua, os preços internos se mantêm elevados mas, com uma diferença: o poder de renda, sem o auxílio emergencial, será bem menor.​

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