Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Efeito da geada não termina em 2021

Café, cana-de-açúcar e laranja perdem produtividade também em 2022

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Após um início promissor, com estimativa de produção de 270 milhões de toneladas de grãos, 2021 vai se mostrando um período complicado, devido a fenômenos que, neste ano, estão com uma intensidade bem maior do que normalmente: seca, crise hídrica, geadas, enchentes no Norte e até chuva de granizo.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ainda não refez as estimativas considerando as geadas, mas a produção deverá ficar inferior a 260 milhões de toneladas.

Os estragos deste ano são evidentes, mas o problema é que o efeito da geada vai se estender para o próximo também, principalmente nas plantações perenes como café, cana-de-açúcar e laranja.

Uma das preocupações com o café são os efeitos da geada sobre as lavouras em formação e sobre a necessidade de poda dos cafezais afetados.

O país tem 391 mil hectares de café em formação, segundo a Conab. A área total em produção é de 1,82 milhão de hectares.

Além de reduzir a produção da próxima safra, a de 2022/23, a geada poderá provocar um excesso de produção em dois ou três anos, quando os cafezais afetados voltam a produzir normalmente, segundo Maciel Silva, coordenador de produção agrícola da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Um aumento de oferta traria redução de preços.

Em algumas regiões, a geada vai prejudicar o desenvolvimento vegetativo da planta. Em outras, poderá levá-la à morte.

A produtividade em 2022 vai depender da necessidade de podas em áreas afetadas pelo frio. A poda nos ramos plagiotrópicos, os galhos laterais da planta, tem uma recuperação mais rápida, mas as podas mais radicais, como o corte da planta na parte de baixo, poderá demorar pelo menos dois anos para um retorno à produção.

Diante disso, a safra de 2022/23 está bastante incerta, e o produtor deverá tomar cuidados para quantificar suas vendas antecipadas. A deste ano, após 63 milhões de sacas em 2020, deve ficar abaixo dos 48 milhões projetados ainda em maio.

Silva afirma que, em geral, o produtor faz seguro contra a quebra de produção, mas não para a proteção das plantas, contra geadas e granizo. Neste ano, a perda é maior para os produtores porque não afeta só a produção.

A geada, além de afetar a produtividade atual, joga novos problemas também para a safra de cana-de-açúcar de 2022/23. Para Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o manejo das lavouras será mais complexo.

A brota na área já colhida, e que foi afetada pela geada, vai passar por uma poda, e voltará a brotar, mas com atraso em relação ao processo vegetativo esperado anteriormente.

Isso afeta não só a produtividade, mas também o planejamento da colheita de 2022/23. Se o produtor colher antes, perde em produtividade, devido ao ciclo da planta. Se retardar, fica com manejo e custos mais complicados.

No setor de laranja, o frio provoca um forte estresse na planta. A florada pode ser até mais intensa, mas o que conta é quanto dessa florada vai vingar e se tornar fruta até a colheita, segundo Ibiapaba Netto, da CitrusBR.

COLHEITA A TIRO

Parte do governo tem uma visão distorcida do que realmente seja um produtor rural. Para comemorar o dia do agricultor, a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República) postou uma foto de, possivelmente, um caçador com uma arma em um capinzal.

Nada a ver com a real atividade agrícola. Talvez, como disse um internauta, na avaliação do governo o produtor devesse colher os grãos a tiro.

Munição e armas não faltam. Com a benção de Bolsonaro, as importações de revólveres e de pistolas cresceram 3.402% no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período de 2018, antes de o presidente assumir.

Homem com espingarda em matagal, com a frase "dia do agricultor" escrita em branco
Imagem que a secretaria de Comunicação do governo publicou para homenagear agricultores brasileiros - Reprodução/Secom

No caso de espingardas e carabinas, a alta foi de 19%. A munição é farta. A importação de cartuchos aumentou 2.545%, e a de chumbo para carabinas, 144%, sempre comparados os dados do primeiro semestre deste ano com os de janeiro a junho de 2018.

Diante da reação dos próprios produtores, que abominaram a publicação, a Secom retirou a foto.

Sustentabilidade Representantes da Unica, da Volkswagen, da Copersucar e do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) se reuniram em Piracicaba (SP), nesta quarta-feira (28), para discutir o papel do etanol na descarbonização do planeta.

Café A saca de café arábica subiu para R$ 1.062 nesta quarta-feira, conforme cotação do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Neste mês, o produto já subiu 26%.

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