Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu alimentação

Produtividade vai responder por 87% da alta da oferta de alimentos até 2030

Brasil manterá papel importante no cenário mundial, mas não deve repetir bom cenário dos últimos anos

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A oferta de produtos agrícolas avança nesta década com a incorporação menor de nova áreas, menos emissão de gases do defeito estufa, maior produtividade e melhor gestão.

Os produtores vão sentir no bolso, porém, uma queda real dos preços, o que afetará principalmente os de menor capacidade produtiva.

A demanda por alimentos continua intensa nos países com baixa e média renda, mas se acomoda nos mais desenvolvidos.

Máquinas agrícolas durante colheita de soja em Tangará da Serra (MT) - Marcelo Justo - 27.mar.2012/Folhapress

É o que mostra estudo sobre as perspectivas de produção, de consumo, de exportação e de importação de alimentos nos próximos dez anos, feito pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).

A demanda pelos produtos do campo, incluindo alimentos, ração, combustíveis e insumos industriais, deverá aumentar 1,2% ao ano.

O Brasil manterá um papel importante no cenário mundial, elevando a sua participação no comércio internacional na maioria dos produtos que exporta. Brasileiros e argentinos, porém, não deverão repetir o bom cenário dos últimos anos.

Os técnicos das duas organizações advertem que essas estimativas são feitas com base em oferta e demanda, condições climáticas, dados macroeconômicos e políticas normais de governo. São premissas, no entanto, que sempre geram incertezas.

De uma forma geral, haverá uma melhora na disponibilidade de alimentos de 4%. Essa oferta, no entanto, mascara disparidades de consumo entre as diversas regiões.

A maior produção de alimentos virá da evolução da produtividade. Ela será responsável por 87% da maior oferta de produtos, enquanto outros 7% virão de uma intensidade maior da produção e apenas 6% da expansão de área.

O avanço da produtividade permitirá um estreitamento das diferenças entre as diversas regiões produtivas, devido à melhora na qualidade das sementes e à adoção de novas práticas de gestão.

Mesmo com a redução real dos preços, a perda do poder aquisitivo da população de baixa renda inibirá o consumo de determinados alimentos, principalmente o de proteínas.

Já os consumidores de alta renda começam a deixar as proteínas por opção, tanto por questões ambientais como de saúde. Haverá uma mudança no consumo alimentar dessa faixa da população, com uma adoção maior de vegetais e de frutas.

O consumo de carne vermelha será o de maior recuo entre a população de alta renda, que optará mais pela carne de aves e por lácteos.

A oferta total de carnes crescerá 13% na década, atingindo 374 milhões de toneladas em 2030. Essa evolução é maior nos países em desenvolvimento, com alta de 19%. A liderança fica com a carne de frango, cuja produção deverá atingir 153 milhões de toneladas em 2030, 17% a mais.

Os preços dos alimentos perdem força nesta década devido ao aumento da produtividade e a uma demanda menos acentuada do que a registrada nos anos recentes.

A área colhida aumenta 14 milhões de hectares nos próximos dez anos. Desta, 7,7 milhões serão na América Latina e no Caribe, onde a soja ficará com 53% desse espaço, e o milho, com 23%.

O aumento da área colhida não é expansão de área. Na América Latina, o aumento de nova área será de 3%, enquanto o da área colhida, de 5%, devido à utilização do mesmo espaço para uma segunda colheita.

O milho será um dos produtos prioritários nos próximos anos. A produção mundial sobe para 1,3 bilhão de toneladas, segundo a OCDE.

O Brasil será o terceiro maior produtor, responsável por 9% do volume mundial. Estados Unidos, com 30%, lideram, seguidos da China, que terá 22%. Já no setor de exportação, o Brasil terá a segunda posição, dominando um quinto do mercado mundial.

A produção de soja sobe para 411 milhões de toneladas, tendo o Brasil como líder --149 milhões em 2030. Os Estados Unidos vêm a seguir, com 123 milhões.

O Brasil ganha espaço também no algodão. O país terá 10% da produção mundial e 19% do mercado internacional, segundo os analistas da OCDE e da FAO.

Um dos cuidados necessários na década será o de evitar perdas e desperdícios de alimentos, segundo a OCDE.

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