Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Avanço da soja empurrou o milho para um período crítico

Neste ano, produção foi afetada por uma tempestade perfeita, que incluiu atraso no plantio, seca e geada

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O avanço da soja no Brasil nas últimas décadas empurrou o plantio do milho para um período do ano de grande risco, principalmente no Paraná.

Maiores produtores nacionais até a safra 2011/12, os paranaenses foram reduzindo a área de plantio no verão e aumentando a de inverno, um período mais suscetível a interferências climáticas.

Na safra de 2006/07, os paranaenses já dedicavam um espaço maior para o milho semeado no inverno, a chamada safrinha, do que para o plantado no verão.

No âmbito nacional, a perda de área de verão para a safrinha só ocorreu em 2011/12, quando Mato Grosso acelerava o plantio do cereal.

Os efeitos dessa transferência de plantio para um período de maior risco aparecem de vez em quando, como o ocorrido neste ano.

Plantção de soja na Chapada dos Parecis, região da cabeceira do rio Jauru - Lalo de Almeida - 4.mar.2021/Folhapress

Foi uma tempestade perfeita para cereal. Começou com o atraso da soja, que retardou o plantio do milho para um período menos ideal, tanto no Paraná como em Mato Grosso, os dois maiores produtores nacionais.

Na sequência, vieram a seca, que reduziu a produtividade, e as intensas geadas, principalmente no Paraná, em São Paulo e em Mato Grosso do Sul.

Os efeitos dessa conjugação de fatores negativos começam a aparecer com maior evidência nos números de produção.

Nesta terça-feira (3), o Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná mostrou que, após uma colheita de 12,2 milhões de toneladas de milho no ano passado, a produção da safrinha deste ano está estimada, por ora, em apenas 6,1 milhões no estado.

O Paraná não é exceção. A AgRural, de Curitiba, reavaliou os números da safra do cereal e, agora, prevê uma produção de apenas 51,6 milhões de toneladas do cereal durante a safrinha na região centro-sul.

Computando-se as regiões Norte e Nordeste, a produção nacional deverá ficar em 54,6 milhões de toneladas, bem distante dos 70,5 milhões da safra de 2020.

Com a quebra da safra de inverno, a produção total de milho do país recua para 82,2 milhões de toneladas neste ano, distante dos 102,6 milhões produzidos em 2020.

O milho semeado no período de verão ficou restrito praticamente às áreas de boa produtividade e que conseguem competir com a soja em receitas finais.

O Paraná, que plantava 2,7 milhões de hectares no verão, no final da década de 1980, dedica apenas 370 mil hectares a esse produto atualmente.

A quebra de produção modifica o cenário para o mercado brasileiro. A oferta de cereal foi reduzida para as indústrias, os preços dispararam e a necessidade de importação cresce.

Nos sete primeiros meses deste ano, as compras externas de milho somam 1,1 milhão de toneladas, 113% acima das de igual período do ano passado, segundo a Secex.

As exportações brasileiras, previstas inicialmente em até 40 milhões de toneladas, vão ficar abaixo dos 20 milhões.

O principal exportador é Mato Grosso, estado que tinha um potencial de produção de 37 milhões de toneladas, mas que deverá obter apenas 31 milhões.

Vendas online A digitalização no setor de agronegócios avança na pandemia. As buscas e vendas de artigos oriundos do campo aumentaram 16% e 15%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano.

Oferta Os números são da OLX, uma plataforma de e-commerce. Segundo a empresa, os produtos voltados para o agronegócio registraram crescimento de 40% na veiculação de anúncios.

No topo Bezerros, vacas, tratores e até compressores de ar, utilizados no setor de hortaliças, estiveram no topo da procura neste ano, segundo a empresa.

Trigo A produção paranaense está estimada em 3,9 milhões de toneladas neste ano, 22% a mais do que no anterior. Esses números, no entanto, devem sofrer revisão devido aos efeitos das geadas, segundo Hugo Godinho, do Deral.

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