Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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América do Sul poderá ter quebra de 20 milhões de toneladas de soja

A persistir seca e calor intensos, a produção da oleaginosa da região será bem inferior aos 200 milhões do ano passado

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A América do Sul, maior região produtora de soja do mundo, poderá perder 20 milhões de toneladas nesta safra, em relação ao potencial que tem.

É uma conta muito complexa para ser feita ainda, mas, se persistir essa falta de chuva e calor intenso, as perdas de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia poderão chegar a esse número, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural.

O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), sempre muito conservador, já antecipou parte dessa quebra nesta quarta-feira (12). Segundo o órgão norte-americano, os três principais produtores da região —Brasil, Argentina e Paraguai— já acumulam pelo menos 9,5 milhões de toneladas em perdas.

Os números apurados pelo Usda indicam retração de 5 milhões no Brasil, 3 milhões na Argentina e 1,5 milhão no Paraguai. Daniele acredita, no entanto, que, aos poucos, o Usda deverá reajustar os números de safra desses países para baixo.

Só pelos números atuais, a América do Sul já teria uma safra reduzida para um volume próximo dos 200 milhões de toneladas do ano passado.

A safra brasileira, prevista pelo Usda em 139 milhões, deverá recuar ainda mais. A AgRural estima um volume de 133 milhões. O potencial brasileiro era de 145 milhões.

Para o Paraguai, o mercado prevê 6 milhões, abaixo dos 8,5 milhões do órgão dos Estados Unidos. A produção argentina, estimada em 46,5 milhões nesta quarta-feira pelo Usda, será de 44 milhões, segundo estimativas do mercado.

Uma mudança de clima, porém, poderia estancar parte dessa perda. A soja é mais resistente do que o milho, e o retorno das chuvas traria uma melhora na produtividade.

Além disso, Mato Grosso e Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde o clima está mais favorável, poderão obter uma produtividade acima do esperado, segundo a analista da AgRural.

O Usda divulgou nesta quarta-feira um cenário de oferta e de demanda mundiais. Foi um relatório chato e com poucas informações novas, quando se trata dos números dos Estados Unidos, afirmaram analistas norte-americanos.

A produção de soja dos EUA foi de 120,7 milhões de toneladas, e a de milho, de 383,9 milhões. Produção maior e exportações menores ajudam a melhorar os estoques finais do país.

Os números da soja deste ano deixam o mercado bastante volátil, segundo Daniele. Tanto em Chicago como no Brasil, os preços atuais da soja refletem os efeitos do clima.

Na Bolsa de commodities de Chicago, o contrato de março da soja atingiu US$ 13,99 por bushel (27,2 quilos), 9,8% a mais do que há um mês. Em Cascavel (PR), o mercado físico negocia a saca a R$ 175, com alta de 7,7%.

Os preços não sobem mais porque a demanda mundial perdeu fôlego, em relação ao ano passado. A China, que vinha com um apetite grande, deverá manter o patamar de importações em 100 milhões de toneladas. Caso contrário, as altas seriam ainda mais dramáticas, afirma a analista da AgRural.

Coisas do clima No Rio Grande do Sul, as lavouras de 245 municípios são afetadas pela seca. Já em Minas Gerais, 127 sofrem danos na produção devido ao excesso de chuva. Os dados são da Emater dos dois estados.

Estragos Em Minas Gerais, 42% da área da primeira safra de feijão está sendo afetada pelas chuvas. No caso do milho, 23% das lavouras estão sendo comprometidas. O excesso de chuva prejudica, ainda, a produção de hortaliças, piscicultura, avicultura e suinocultura caipiras e pecuária de corte.

Barreiras Além dos efeitos sobre a produção, os agricultores têm dificuldades em transportar os alimentos devido à interrupção de estradas.

Covid A vacinação cai, e os casos de Covid-19 explodem nos municípios rurais dos Estados Unidos. O número de casos aumentou 110% na semana passada, em relação a 15 dias atrás. O de mortes, 20%.

Fertilizantes A redução dos negócios no final do ano provocou uma queda de 11,6% nos preços da ureia. Nos fosfatados, o MAP (monoamônico), após o pico de preço na primeira semana de dezembro, quando atingiu US$ 935 por tonelada, retornou para US$ 890, patamar do final de novembro.

Fertilizantes 2 Os dados são do Itaú BBA, que mostrou, ainda, queda nos preços do potássio. Na última semana de dezembro, o produto foi negociado a US$ 810 por tonelada, uma redução de 2,4%, em relação à última semana de novembro.

Digital A Yara, do setor de nutrição de plantas, está lançando duas plataformas digitais. O objetivo é atingir, até 2025, 25% do total das vendas de produtos no Brasil por meio dessas plataformas.

Frango chinês A União Europeia adquiriu 198 mil toneladas de carne de frango do Brasil de janeiro a outubro de 2021, com queda de 0,6% em relação a 2020. No mesmo período, a China elevou as exportações dessa proteína em 15% para o bloco europeu.

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