A dependência brasileira de poucos países na hora de comprar insumos agrícolas e alimentos vai além dos fertilizantes.
A guerra da Rússia com a Ucrânia tornou evidente esse perigo. Rússia e Belarus, esta também sob sanções internacionais, são responsáveis por 28% das importações brasileiras de fertilizantes.
A situação não é muito diferente nos produtos que o Ministério da Agricultura denomina como agrotóxicos. Uma interrupção no fornecimento da China e da Índia cortaria em 55% a necessidade de importação do Brasil nesse setor.
Isso já vem ocorrendo, embora em menor escala, neste período de pandemia. China e Índia reduziram a produção de agroquímicos, os preços subiram e a oferta desses produtos foi reduzida no mercado brasileiro.
No setor de inseticidas, a dependência brasileira de produtos argentino e indiano atinge 50%, em volume. Em dólares, a liderança é dos norte-americanos, que ficam com um terço dos gastos dos brasileiros com essas compras.
Nos herbicidas, China e Estados Unidos são responsáveis por 83% dos produtos que chegam ao Brasil. A França e Reino Unido lideram no fornecimento de fungicidas, quando a conta é vista pelos gastos. Já em volume, Índia e Colômbia são responsáveis por 63% dos produtos que entram no país.
Entre os alimentos importados, o trigo é o que tem a maior dependência de um único país. Os argentinos forneceram 87% do que os brasileiros importaram no ano passado, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Essa dependência brasileira do trigo argentino é vantajosa devido à proximidade dos mercados e a preços menores.
Um sério problema climático durante a safra de trigo na América do Sul, no entanto, afetaria 98% das importações brasileiras, uma vez que Paraguai e Uruguai detêm outros 11% do mercado do Brasil.
Normalmente o Brasil importa 50% do trigo que consome. No ano passado, 5,43 milhões de toneladas vieram dos argentinos.
Argentina e Uruguai também são importantes para o Brasil nas importações de lácteos. Juntos, eles são responsáveis por 89% das compras brasileiras neste setor.
Fertilizantes O programa do governo para elevar a produção de fertilizantes é para longo prazo. Não vai resolver a deficiência imediatamente.
Fertilizantes 2 A afirmação é de Roberto Rodrigues, feita em reunião da ABMRA (Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio). Ele espera uma evolução do fornecimento interno aos poucos.
Fertilizantes 3 Para a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) seria interessante avaliar o quanto de fertilizante está acumulado no solo dos produtores brasileiros. A avaliação seria importante para períodos como este, segundo Sergio De Zen, diretor da entidade.
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