Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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EUA atrasam plantio de milho, mas é cedo para comemorações no Brasil

Norte-americanos ainda têm 45 dias para semear o cereal, e potencial de recuperação deles é grande

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Final de abril é um período de definições para a safrinha de milho no Brasil e de plantio nos Estados Unidos. As lavouras brasileiras têm registrado pequenos problemas em regiões de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Nada comprometedor.

Já nos Estados Unidos, o plantio tem o menor ritmo desde 2013. A primavera fria, e com neve, não permite ao produtor norte-americano levar as máquinas para o campo.

Até domingo (24), o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) registrou plantio em apenas 7% da área que será destinada ao cereal. No ano passado, o percentual era de 16%.

Plantação de milho em Planaltina, região administrativa do DF - Pedro Ladeira/Folhapress

Na Argentina, o potencial inicial de produção de 57 milhões de toneladas para a safra 2021/22 já foi reduzido para 49 milhões.

Com previsões de uma boa safrinha no Brasil, os produtores brasileiros estão de olho nos problemas dos norte-americanos e dos argentinos.

Uma redução de safra nesses grandes produtores dará um novo ânimo aos preços do cereal. Já se fala em US$ 10 por bushel (25,4 kg) em Chicago por causa disso.

Muito cedo para comemorações, diz a analista Daniele Siqueira, da AgRural. Três fatores podem elevar os preços no segundo semestre: uma quebra na safrinha brasileira, complicações nos Estados Unidos e um dólar muito elevado.

Nos Estados Unidos, ainda é cedo para uma avaliação de como será o plantio, afirma Daniele. Os norte-americanos estão à espera de um período mais quente para evitar replantios, uma vez que o custo de produção neste ano é muito mais caro.

Ela lembra que atraso de plantio, embora possa trazer algumas complicações como concentração e eventuais geadas em setembro, não significa perda de produtividade.

O potencial de recuperação dos produtores norte-americanos é muito grande. "No ano passado, nesta mesma semana que estamos agora, eles semearam 11 milhões de hectares em apenas sete dias, praticamente um terço da área".

Os agricultores dos Estados Unidos ainda têm 45 dias para o plantio do milho. Se na segunda quinzena de maio, porém, a condição do terreno ainda não estiver ideal, aí a safra será afetada. Neste caso, os produtores optam por soja ou deixam de plantar, recebendo o seguro, segundo Daniele.

Na Argentina, a queda de produtividade ocorreu com os primeiros plantios. O milho semeado depois registra maior produtividade.

Os argentinos, com certeza, vão ter muito cereal para colocar no mercado internacional, concorrendo com o Brasil.

No ano passado, as exportações deles somaram 41 milhões de toneladas. Para esta safra, o Usda estima 39 milhões.

Segundo os registros dos exportadores feitos no sistema do governo, os contratos de exportação já somam 23 milhões de toneladas, acima dos 21 milhões de 2021.

Os norte-americanos, com a redução de 1,6 milhão de hectares no plantio de milho, deverão colher, em condições ideais, 376,5 milhões de toneladas. Uma pequena redução na produtividade, porém, poderá trazer a safra para 365,2 milhões.

No Brasil, a safrinha ficará próxima de 90 milhões de toneladas. Junto com a de verão, o volume total será de 117 milhões em 2021/22, conforme números ainda provisórios da AgRural.

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