Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Agrícolas caem no mercado externo, mas patamar elevado deve continuar

Relatório do final de abril do Banco Mundial diz que alívio só virá no próximo ano

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O setor de commodities começa a semana com fortes quedas no mercado internacional. Os motivos são vários e levaram os investidores a aumentar as vendas em busca de uma realização de lucros.

Do lado financeiro, os investimentos no Tesouro dos EUA passaram a pagar mais, o que tira dinheiro especulativo das commodities e o leva para um porto mais seguro.

As posições de compras dos fundos agrícolas ainda estão elevadas, mas já são inferiores às de semanas anteriores. Os fundos de investimentos de gestão ativa em futuros e em opções de soja tinham posição líquida comprada de 24 milhões de toneladas de soja em 19 de abril. Agora estão com 20,8 milhões.

Plantação de trigo em Krasnoyarsk, na Rússia - Ilya Naymushin/Reuters

Já a posição dos fundos de investimentos no milho foi reduzida para 44 milhões de toneladas, um volume inferior aos 47 milhões da primeira quinzena de abril.

Os investidores podem apenas estar aproveitando esse momento do mercado para a realização de lucros, mas há uma tendência generalizada de os bancos mundiais elevarem as taxas de juros, o que pode afastar ainda mais os fundos das commodities.

Há uma preocupação também com a China, devido aos efeitos da Covid-19 nas atividades industriais do país. Espera-se uma demanda menor por commodities metálicas e dificuldades nas transações de produtos agrícolas.

As importações chinesas de soja, em alta no mês passado, começam a se recuperar. De janeiro a abril, contudo, a China comprou 28,4 milhões de toneladas de soja, 1% a menos do que em igual período do ano passado.

Essa redução pode ser também devido aos elevados preços internacionais da oleaginosa, o que tem trazido pesados custos para a indústria de ração do país.

A queda das commodities agrícolas está relacionada também à melhora das condições climáticas nos EUA, o que favorece o plantio. Embora ainda esteja atrasada, a semeadura está em condições melhores que a das semanas anteriores. O mais beneficiado é o milho, que tinha um período mais apertado de plantio.

De acordo com informações desta segunda-feira (9) do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o plantio de milho atinge 22% da área que será destinada ao cereal. O da soja é de 12%.
Ambos estão abaixo dos percentuais da média dos últimos cinco anos, que é de 50% e de 24%, respectivamente.

Na avaliação dos técnicos do Banco Mundial, no entanto, as commodities ainda terão um período de vários meses de pressão. Conforme relatório do final de abril do banco, o alívio só virá no próximo ano.

A turbulência deixada pelas secas em várias regiões produtoras de grãos e o aumento de estoques nos maiores consumidores mundiais no período da pandemia elevaram os preços das commodities agrícolas.

Essa pressão ficou ainda maior com os aumentos dos preços dos principais insumos do setor, como energia, fertilizantes e transportes marítimos.

A guerra entre Rússia e Ucrânia veio colocar ainda mais dificuldades nas transações internacionais de alimentos, como milho e trigo. Pressionou também os custos, devido à importância da região no fornecimento de fertilizantes.

Tudo isso levou a preços recordes, e a volta deverá ser lenta e provocar efeitos intensos na inflação dos países, na avaliação do Banco Mundial.

Nesta segunda-feira (9), os preços dos agrícolas, seguindo o petróleo, recuaram tanto na Bolsa de commodities de Chicago como na de Nova York. Nesta, o café registrou a maior queda, para US$ 2,05 por libra-peso (453,59 gramas), um recuo de 3,3%. Na mesma Bolsa, o açúcar teve retração de 2,8%, e o algodão, de 0,6%.

Em Chicago, o primeiro contrato do trigo caiu para US$ 10,93 por bushel (27,2 kg), com queda de 1,4%. Um dos produtos mais afetados pela guerra no Leste Europeu, devido à importância de Rússia e Ucrânia no fornecimento mundial desse cereal, o trigo custa 43% a mais do que há um ano no mercado externo.

A soja foi negociada a US$ 15,85 por bushel (27,2 kg), com queda de 2,53%. Já o milho recuou para US$ 7,72 por bushel (25,4 kg), 1,6% a menos do que na sexta-feira (27) na Bolsa de Chicago.

No Paraná, a soja fechou a R$ 181,45 por saca, com queda de 1%; e o milho, a R$ 86,15 na região de Campinas, com recuo de 0,6%, segundo o Cepea.

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