Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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País fecha semestre com recorde na balança agrícola, mas importação cresce mais do que exportação

Soja e carnes se destacam nas vendas externas, mas compras de fertilizantes e de agroquímicos têm evolução maior

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O agronegócio brasileiro termina o primeiro semestre com números recordes na balança comercial. As exportações do período atingem US$ 79 bilhões, 30% a mais do que em igual período anterior.

O bom desempenho de janeiro a junho elevou as receitas dos últimos 12 meses para US$ 139 bilhões, uma alta de 26% em relação a igual período anterior.

Essa boa evolução nas exportações ocorre, basicamente, devido ao aumento dos preços das commodities agrícolas. Essa alta, no entanto, foi repassada também para os insumos, elevando os gastos com importações para patamares recordes.

Início do plantio de trigo no Paraná; área localizada em Sertaneja, no Norte Pioneiro do estado - Mauro Zafalon/Folhapress

No primeiro semestre deste ano, os gastos com as compras de alimentos, adubos, agroquímicos e máquinas destinadas ao setor somaram US$ 22 bilhões, conforme cálculos da Folha, tomando-se como base os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Os gastos deste semestre superam em 66% o de janeiro a junho de 2021. Em 12 meses, as importações atingiram US$ 49 bilhões, 60% a mais.

A soja, o principal item da balança comercial do agronegócio mostra como os preços favoreceram as exportações. No primeiro semestre, o volume de vendas caiu 8%, para 53 milhões de toneladas, mas as receitas subiram 23%, para US$ 30,7 bilhões.

Do lado das importações, a pressão dos preços pode ser vista nas compras de fertilizantes e de agrotóxicos. As importações de adubos subiram 17% no período, mas os gastos tiveram aceleração de 178%.

As compras de agroquímicos subiram 38%, somando 501 mil toneladas em 12 meses, mas os gastos tiveram elevação de 48%, para US$ 4,7 bilhões no período.

As exportações de carnes também mostram uma grande pressão nos valores de comercialização. Com a demanda menor da China por carne suína, o Brasil colocou 9% a menos dessa proteína no mercado externo neste ano, mas faturou 17% a mais.

As vendas de carnes bovina e de frango tiveram volumes maiores, mas as receitas cresceram em patamares bem superiores.

Neste primeiro semestre, o país já atingiu US$ 12 bilhões em exportações de carnes. A demanda externa continua firme e, em alguns casos, a ocorrência de doenças em grandes produtores favorece o produto brasileiro.

Os Estados Unidos passam por um avanço da influenza aviária, que já atingiu 38 estados. Na Europa, além desta doença que afeta as aves, a região está sob a ameaça da peste suína africana.

Além da soja e das carnes, a balança comercial agrícola do país foi beneficiada pelas exportações de café, açúcar, algodão, celulose, madeira e cereais. Este último grupo puxado pelas vendas externas de trigo, um produto do qual o Brasil é bastante dependente.

O país caminha para um recorde nas exportações deste ano, mas também terá um peso das importações não registrado anteriormente. ​

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