Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu alimentação

Qual é o consumidor e o alimento do futuro?

Produtores e indústrias têm de se preparar para mudanças

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A máxima utilizada por muitos produtores brasileiros de que "o mundo vai ter de comer em nossas mãos" precisa ser reavaliada.

É preciso entender qual o futuro dos alimentos, quem vai ser o consumidor que virá, e o papel dos produtores nesse universo.

Hambúrgueres em linha de produção de alimentos plant based
Processo de produção de alimentos plant based - Gabriel Cabral - 9.jul.21/Folhapress


Sandra Mian, engenharia de alimentos da B.Ahead, diz que o mundo vai consumir no futuro exatamente o que consome hoje. Alimentação variada, com proteínas, mas é preciso entender as megatendências.

O plant based é um modismo ou será uma tendência? Uma coisa é certa, segundo ela, sustentabilidade e questões de saúde vão fazer parte das decisões dos consumidores.

Inicialmente é preciso aprender sobre o consumidor do futuro. Ele estará nos países menos desenvolvidos, que vão continuar com crescimento populacional, e em menor número nos países desenvolvidos, onde a população não cresce.

Estarão na Ásia, principalmente na Índia, com predominância dos hindus, que não comem carne bovina. Os praticantes da religião muçulmana ganham espaço, e eles não consomem carne suína.

Segundo Mian, 80% da população mundial estará em cidades, a China está envelhecendo rapidamente e 24% da população mundial terá acima de 60 anos.

Produtores e fornecedores de alimentos precisam se preparar para essas mudanças, afirma Mian.

Para a engenheira, o consumidor do futuro será mais escolarizado e estará em maior número na Ásia e na África. O poder de compra será maior, e as mulheres terão uma importância nas decisões de compra.

Produtores e indústrias vão produzir para uma variedade de consumidores, de diversas regiões, diversos credos, diversos gêneros e gostos e exigências diversificadas.

Será preciso se preparar para esse consumidor que estará nas cidades e exigirá produtos inovadores, saudáveis e com produção que respeite as condições ambientais.

Não haverá uma solução que saia da caixinha, mas a produção deverá ser pensada em cadeias. Será essencial zerar todas as perdas no processo produtivo e, por meio do avanço da tecnologia, rastrear todos os componentes de produção.

Para Mian, os alimentos serão produzidos cada vez mais em fazendas urbanas; virão da integração com as florestas e de uma agricultura regenerativa.

Haverá uma busca por raças ancestrais de animais, com menor tolerância a doenças, e a sementes utilizadas no passado, resistentes a seca e doenças.

Fazendas de algas e de cogumelos estarão mais presentes na atividade agrícola. No caso das algas, além da proteína, fornecem biocombustíveis, fertilizantes e sequestram gases de efeito estufa.

As lições do passado são extremamente importantes, diz a engenheira de alimentos.

Sobre a criação de carnes em laboratórios, Mian tem uma posição crítica. Está sendo investido muito dinheiro, e a produção ficará nas mãos de poucas empresas. Além do problema ético, muitos produtores serão eliminados, afirma Mian, que participou, nesta quinta-feira (14), da Digital Agro, da Frísia, em Curitiba.

Mauro Zafalon

Responsável pela coluna Vaivém das Commodities, é formado em jornalismo e em ciências sociais.

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