Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Quebra de democracias preocupa agronegócio, segundo associação

Ritmo da integração econômica global estagnou e há um perigoso processo de construção de muros

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Alimentos e energia são atualmente a nova desordem mundial, e o momento é de incertezas e de temores. O Brasil tem capacidade para auxiliar nos dois pontos.

Para isso, é preciso uma integração para um fortalecimento. A integração das cadeias produtivas levará a uma clara evolução.

As ponderações são de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), feitas durante o congresso da entidade nesta segunda-feira (1º), em São Paulo.

Grãos de soja em estrada rural durante colheita, nas proximidades de Londrina (PR)
Grãos de soja em estrada rural durante colheita, nas proximidades de Londrina (PR) - Sergio Ranalli - 4.mar.2021/Folhapress

Após décadas de evolução, o ritmo da integração econômica global estagnou e há um perigoso processo de construção de muros, trazendo uma nova fase da globalização baseada em oportunismos.

Para o presidente da Abag, o momento é de elevada complexidade e com sérias dificuldades das cadeias de suprimentos globais. "Há uma clara redução no número de países com democracias, e as autocracias respondem hoje por um terço do PIB (Produto Interno Bruto) global."

O pós-pandemia acelerou as reações populistas, e a invasão da Ucrânia pela Rússia desmontou os esforços iniciais contra os problemas globais de aquecimento e o processo de descarbonização, além de acelerar a inflação e as taxas de juros mundiais.

Isso requer do Brasil uma reflexão profunda e cuidadosa, afirma Carvalho. Um dos pontos positivos, segundo ele, é que as novas revoluções tecnológicas de energia e de alimentos nascem nas Américas, principalmente no Brasil.

Os brasileiros, com o uso intensivo dos solos tropicais, enriquecem a biodinâmica e expandem a oferta de alimentos e de bioenergia.

O Brasil tem, no entanto, problemas internos a serem resolvidos. O desmatamento e os impactos climáticos estão entre eles. A discussão é importante, segundo Jacyr Costa, presidente do Cosag (Conselho Superior do Agronegócio). Para Costa, essa discussão é necessária e precisa atingir principalmente o desmatamento ilegal.

Gedeão Pereira, vice-presidente de Relações Internacionais da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), afirma que o Brasil é o maior exportador líquido de alimentos, e o principal mercado está na Ásia, que tem 5 bilhões de habitantes. O destaque fica para a China, a maior importadora líquida de alimentos do mundo.

Costa, do Cosag, destaca que o país precisa ser mais proativo sobre temas como meio ambiente, clima e mercado de carbono. Segundo ele, é preciso haver um esforço para o financiamento de trabalhos em universidades de fora do país, como eles já fazem aqui no Brasil.

O país precisa estar junto na definição de metodologias que vão traçar diretrizes para essas questões, afirma.

Alexandre Parola, embaixador da missão permanente do Brasil junto à OMC (Organização Mundial do Comércio), diz que o país tem de estar presente em todas as mesas de discussões para participar das novas definições de mercado e não ser surpreendido pelas decisões tomadas pelos outros.

Mais adubo importado

O Brasil continua antecipando as compras de fertilizantes. De janeiro a julho, o país importou 22,7 milhões de toneladas, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (1) pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), 11% acima do volume de igual período anterior. Com essa antecipação, o país reduz a necessidade de compras no segundo semestre, um período de dificuldades devido a redução da oferta e dificuldades logísticas. Se a evolução das compras foi pequena, o mesmo não ocorreu com os gastos, que atingiram US$ 15,5 bilhões nos sete primeiros meses deste ano. Esse valor financeiro supera em 163% o de igual período anterior.

Contradições O Brasil é o maior exportador líquido de alimentos. Como justificar tanta falta de comida em muitos lares do país?

Contradições 2 Para Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, a função do agronegócio é produzir, e ele produz. O problema é que a demanda depende de renda e de geração de emprego.

Soja O Brasil exporta menos, em volume, mas garante mais em receitas. Neste ano, o volume atinge 60 milhões de toneladas, 10% a menos do que em 2021, mas obteve US$ 35 bilhões, 21% a mais.

Recorde A produção brasileira de soja poderá chegar a 152,6 milhões de toneladas na safra 2022/23, segundo estimativas da StoneX. A de 2021/22 ficou em 127 milhões.

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