Vinicius Mota

Secretário de Redação da Folha, foi editor de Opinião. É mestre em sociologia pela USP.

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Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Guedes acelera o bonde do Tigrão

Ministro rosna contra a Câmara, trucida assessor ferido e vende terreno na Lua, mas não assusta Congresso

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Tigrão está solto. O ministro Paulo Guedes entrou em mais um de seus transes periódicos. Rosnou para a Câmara dos Deputados e acabou de trucidar um chefe do BNDES que já havia sido crivado pela artilharia presidencial.

Tidos como animais astutos, os grandes felinos costumam ser parcimoniosos no emprego de seu poder de destruição. Não este exemplar. Ataca quando tudo parece encaminhado. Investe contra carniça da própria espécie.

Guedes e Joaquim Levy se cumprimentam
Guedes e Joaquim Levy, em cerimônia no Planalto - Pedro Ladeira-7.jan.19/Folhapress

Meninos e meninas da Faria Lima vão acordar nesta segunda (17) confusos com o seu ministro de estimação. Talvez comecem, enfim, a negociá-lo no preço justo, como mais um foco de instabilidade num governo repleto deles.

Mas, se observarem bem, verão que o predador não está assim tão provido. As garras e os dentes não metem medo no Congresso, onde o apoio ao governo Bolsonaro se reduz a uma minúscula patota no jardim da infância da política.

Como administrador, mostra-se um bom vendedor de terreno na Lua. Fala em arrecadar R$ 1 trilhão (risos) com privatizações, misturar água e óleo na tributação e implantar um regime extemporâneo de capitalização na Previdência. Menosprezou a Argentina e, meses depois, deu curso à fábula da moeda única com o país vizinho.

Tigrão às vezes não é o dono do pedaço nem sequer na sua pasta. Foi ignorado no episódio em que Bolsonaro deu uma de Maduro e mandou a Petrobras cancelar reajuste. Partiu para cima de Joaquim Levy só depois que o chefe gritou “pega”.

Os percalços da aventura Paulo Guedes não surpreendem os analistas que conheciam a sua personalidade e as dificuldades políticas de implantação de qualquer agenda reformista numa sociedade complexa e democrática como a brasileira.

A redução das expectativas gerais quanto ao “superministro” ajuda a consolidar o cenário em que as lideranças do Congresso conduzem a parte mais importante do jogo, enquanto no Executivo o baile funk não para. Quer dançar?​

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