Walter Casagrande Jr.

Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande - Uma História de Amor" e "Travessia"

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Walter Casagrande Jr.

A seleção brasileira do jeito de que mais gosto

Time de Tite fez uma partida segura contra Gana, com uma escalação leve

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Esta sexta-feira, 23 de setembro, foi o dia mais incrível e especial que tive em toda a minha vida.

Estava na aldeia indígena Katurãma, em São Joaquim de Bicas, ao lado de Brumadinho (MG).

Por toda a manhã, testemunhei rituais de força, luta e espirituais. Jamais imaginei que em algum dia da minha vida eu teria o privilégio de presenciar esses rituais e ser tratado, praticamente, como um deles.

Mas, infelizmente, não sou. Porém sou assim, um não indígena que está na luta com eles pela demarcação de terras, porque isso significa a continuidade da existência deles. E não estaremos fazendo favor nenhum porque as terras pertencem aos povos originários.

Evento "Sem demarcação não tem jogo", na aldeia Katurãma, em Minas Gerais - Arquivo pessoal

Depois de tanta sensibilidade, almoçamos arroz branco, peixe e uma farofa feita com amor e carinho por eles.

Eu não estava sozinho lá.

Thiago Lacerda e Maria Ribeiro entenderam a importância e a força da voz de pessoas públicas que são, e foram comigo.

À tarde, assisti à vitória do Brasil por 3 a 0 contra Gana, no penúltimo amistoso da seleção antes da Copa. Na próxima terça-feira (27), teremos o último, contra a Tunísia.

Eu gosto quando a seleção faz amistosos contra times da mesma escola que vamos encarar na primeira fase da Copa.

Enfrentaremos a seleção de Camarões, que tem o estilo parecido, um time que se deixar gostar do jogo, impõe uma força física com boa técnica e faz a partida ficar complicada.

Independentemente de a seleção de Gana ser forte ou não, o time de Tite fez uma partida segura, com uma escalação leve, que é o jeito de que mais gosto numa equipe de futebol.

A presença de Militão na lateral direita (mesma posição em que ele surgiu, no São Paulo, e onde também atuou pelo Porto) deu mais liberdade para o Raphinha jogar no seu estilo, partindo para cima, tentando o drible e fazendo o famoso mano a mano.

Claro que ficaram mais à vontade também Neymar e Vinicius Junior, com boas jogadas de aproximação.

Por falar em Neymar, achei que está se entrosando muito bem com o Vinicius. Os dois estão se procurando para a tabela, e, com a presença do camisa 10 como criador de jogadas, além ser o quarto atacante, tudo fica mais fácil para todos.

Falo isso porque Neymar começou bem o ano —não estou falando de gols ou assistências, mas de foco.

Estou vendo nele uma verdadeira vontade de fazer uma grande Copa. Se isso realmente acontecer, o Brasil ficará com muito mais chances de ganhar o título.

E sem aquela bobagem de acharem que mais um se arrependeu de criticar o Neymar.

Não me arrependi, simplesmente porque, quando fiz minhas críticas, ele não estava jogando nada e estava muito menos focado.

Ele precisa e merece fazer um grande Mundial e apagar a péssima impressão que ficou em 2018.

Gostei da leveza do time tendo Marquinhos, que, além de grande zagueiro, para mim, é o verdadeiro líder e capitão desse time.

Depois foi a vez de Richarlison fazer dois gols também atacando a bola.

Garoto diferente, que não se esquece das suas origens e entende que, além de jogar, precisa fazer mais como cidadão. E faz.

Neymar dribla dois adversários durante amistoso contra a seleção de Gana
Neymar dribla dois adversários durante amistoso contra a seleção de Gana - Benoit Tessier/Reuters

Gostei do meio-campo mais criativo e técnico sem Fred e com as presenças de Paquetá e Neymar.

Olha, Tite, é por aí. Você está no caminho certo, e o mais importante: sabendo fazer as escolhas. Espero que a Copa não lhe traga receio de ter uma equipe mais ofensiva, criativa e técnica.

Eles precisam estar inteiros para acelerar o contra-ataque e fazer o um contra um com segurança e lucidez.

Mas precisamos ir com calma, gente.

Todos queremos que o Brasil vença, mas, na minha opinião, ufanismo só atrapalha. Temos que ter os pés no chão para que os jogadores também os tenham.

A cada dia acredito um pouco mais nesse time.

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