Entre as 864 páginas de “Todas as Cartas”, volume que reúne correspondências de Clarice Lispector e será lançado pela Rocco em 25 de setembro, há um precioso material inédito.
Há ali meia centena de cartas que nunca vieram a público, revelando a intimidade da escritora, cujo centenário se completa em dezembro, com colegas famosos como Mário de Andrade e Sérgio Milliet.
Em uma das sete mensagens ao cronista Rubem Braga, Clarice conta que recortava os artigos dele que encontrava em revistas. “Tudo o que você escreve me emociona muito”, diz.
Ao poeta João Cabral de Melo Neto, cujo nascimento também completou um século este ano, ela discute pormenores do ofício de escritor. “Cada vez mais acho, como você, que romance não é literatura”, comenta.
Além disso, uma já madura Clarice mostra um lado generoso em cartas a autores em começo de carreira. Disse que certo conto do jornalista Mora Fuentes, três décadas mais novo que ela, era a melhor coisa que tinha lido ultimamente. “Você tem mais coragem e escreve melhor do que eu.”
MEU CORPO... A Bazar do Tempo prepara o lançamento de “A Bastarda”, clássico da francesa Violette Leduc. Virá com prefácio de Simone de Beauvoir e tradução de Marília Garcia.
...MINHAS REGRAS Leduc era amiga íntima de Jean Genet, admirada por Sartre e Camus. Traficante de alimentos durante a ocupação nazista na França, despontou como voz libertária da sexualidade feminina na virada para os anos 1960. “A Bastarda”, de 1964, foi seu primeiro grande sucesso.
ALIÁS Um filme biográfico de 2013, “Violette”, que conta a mútua influência de Leduc e Beauvoir, pode ser visto nas plataformas Globoplay e Looke.
UM DIÁRIO... O Suplemento Pernambuco traz na capa de sua edição de setembro um panorama literário feito por Cristhiano Aguiar, professor de letras do Mackenzie, sobre 50 obras de ficção que tematizaram a pandemia nos últimos meses.
...DO ANO DA PESTE O autor encontrou uma tendência ao realismo urbano, com predominância dos retratos cotidianos sobre o experimentalismo ou o fantástico. Identificou o que chama de uma urgência de realidade, muito vinculada a marcas de identidade social, racial e de gênero.
HISTÓRIA SEM QUADRINHO E Marcello Quintanilha, um dos mais premiados quadrinistas brasileiros, prepara seu primeiro romance. “Deserama” sai em outubro pela Veneta.
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