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Luiz Gama terá coletânea de 5.000 páginas com farta documentação inédita

Bruno Rodrigues de Lima coletou por anos o material que a Hedra lança como a obra completa do abolicionista

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É um mês atribulado para um dos maiores juristas da história do Brasil, Luiz Gama, sobretudo levando em conta que ele viveu no século 19.

O intelectual acaba de receber o título de doutor honoris causa pela Universidade de São Paulo, terá nos cinemas um filme biográfico dirigido por Jeferson De e, novidade, verá sua obra completa publicada pela editora Hedra.

A organização do material caudaloso —cerca de 5.000 páginas reunidas em dez volumes temáticos que saem a partir do próximo dia 29— foi feita por Bruno Rodrigues de Lima, doutorando em história do direito na Universidade de Frankfurt, na Alemanha, e pesquisador do Instituto Max Planck.

A pesquisa que culmina na farta reunião de documentos já dura nove anos, mas o interesse do advogado por Gama vem desde o ensino médio, quando escavou um texto do autor nos arquivos de Itatiba, no interior de São Paulo.

Desde aquele momento, diz, já sentia que um pensador daquela importância não devia ter apenas aquela “meia dúzia de textos” mais conhecidos à época. E foi garimpando em hemerotecas de jornais como O Estado de S. Paulo e em arquivos públicos, em especial de cidades pequenas, que o pesquisador foi coletando escritos do jurista.

Entre os 750 textos da nova coleção, ele afirma que há cerca de 600 inéditos, todos transcritos por ele do original. Alguns escritos já compilados em obras seminais, como “Lições de Resistência” e “Com a Palavra, Luiz Gama”, de Ligia Fonseca Ferreira, também integrarão a coletânea.

“Nunca achei o Gama matéria de especialista, é um patrimônio comum do povo brasileiro. Em primeiríssimo lugar do povo preto, mas de todos os que habitam a República”, afirma Rodrigues, adicionando que o intelectual teceu um projeto amplo de país, mas nunca teve sua obra completa disponibilizada aos cidadãos.

“Se ele fosse um paulista quatrocentão, isso não se passaria”, diz Rodrigues sobre o ex-escravizado baiano que se tornou um dos nomes de proa do abolicionismo. “É uma urgência histórica colocar o Gama na cesta básica literária brasileira, no café da manhã, no almoço e no jantar.”

ovelha em close de olhos arregalados
Ilustração que faz parte de 'Pecora', retorno aos quadrinhos de Marcelo Bicalho, que narra a saga de uma ovelha por seus sonhos e pesadelos - Divulgação

DEPOIS DO FIM A Todavia publica no ano que vem “A Morte de Vivek Oji”, romance de Akwaeke Emezi, que se identifica como não binário e foi capa de edição recente da revista Time sobre líderes da nova geração. É a história de uma família que precisa lidar com a morte de um filho que nunca chegaram a compreender.

CAUSAS DO FIM E a Boitempo comprou os direitos para publicar um inédito de Domenico Losurdo, pensador que dominou debates inflamados no ano passado. Em “A Questão Comunista: História e Futuro de uma Ideia”, ele analisa a crise que levou ao fim da União Soviética.

E NOVOS COMEÇOS A editora Folhas de Relva publica em agosto “Diários em Mar Aberto”, livro de Leonardo Tonus sobre um dos principais temas do professor e pesquisador da Sorbonne, as migrações. A obra é um diário poético que parte da viagem que seus avós fizeram no porão de um navio.

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