A editora Perspectiva prepara um programa robusto de livros e eventos para marcar o centenário de um dos mais lendários editores brasileiros, Jacó Guinsburg, que fundou a casa em 1965, deu importantes contribuições intelectuais ao país e morreu em plena atividade aos 97 anos.
Para começar, a editora publica o volume inédito “Digitais de um Leitor”, compilação de textos de Guinsburg sobre livros que funciona como uma jornada por décadas da literatura. Sai pela tradicional coleção Debates.
Até o ano que vem, também serão publicados “Aventuras de uma Língua Errante”, em que o editor, nascido na então Bessarábia, versa sobre o iídiche e a cultura judaica que o formaram; e “A Obra de Arte Viva e Outros Textos”, tratado de Adolphe Appia sobre outra das paixões de Guinsburg, o teatro.
O ciclo “100 Jacó” terá ainda um documentário em longa-metragem, uma série de televisão dirigida por Evaldo Mocarzel e mesas de debate em parceria com o Sesc.
O pontapé inicial será no próximo dia 21, o dia do centenário, com uma conversa virtual sobre as memórias livreiras de Guinsburg. Participarão sua viúva, Gita, que é curadora de toda a programação ao lado de Abílio Tavares, e nomes como Celso Lafer, Plinio Martins Filho, Roberta Estrela D’Alva e Sérgio Kon.
COMO FAZER AMIGOS O efeito do TikTok na explosão de vendas de livros tem ido além das obras voltadas ao público juvenil. A Rocco viu “48 Leis do Poder”, um volume de autoajuda lançado por aqui em 1998, sumir das prateleiras na semana passada —a editora atribui a procura a um vídeo visto mais de 3 milhões de vezes na conta Estante da Julis, sobre como o livro foi banido em prisões nos Estados Unidos.
E INFLUENCIAR PESSOAS Depois da onda inesperada, a Rocco correu para relançar uma versão em capa dura da obra de Robert Greene, que acabou esgotada de um dia para o outro, e prepara uma nova edição de bolso. A obra, que se propõe a ensinar técnicas de manipulação e ascensão social, é popular entre celebridades e citada em várias letras de rap —e, sim, já foi proibida em presídios.
PÓSTUMAS A Carambaia lança em breve dois investimentos importantes em literatura brasileira novecentista. Primeiro, uma seleção de 17 contos de Machado de Assis pensada por Luiz Ruffato e intitulada “O Escrivão Coimbra”. Será uma antologia organizada, diz o escritor paulista, a partir de seu gosto pessoal, mas baseada no que considera a substância da literatura, “a perfeita adequação entre o quê e o como”. A editora trará ainda “A Família Medeiros”, segundo romance de Júlia Lopes de Almeida, uma trama sobre um inescrupuloso senhor de escravos que explicita os ideais abolicionistas da escritora.
SOB O CÉU DE PARIS Uma nova editora chega em breve à praça. A Paris de Histórias, fundada pela historiadora Natália Bravo, buscará suprir lacunas de tradução da literatura francófona no mercado brasileiro. O pontapé inicial será com “La Couleur de l’Aube”, ou a cor do amanhecer, da haitiana Yanick Lahens, vencedora do prêmio Femina e inédita no Brasil. Bravo também publicará uma novela de próprio punho, inspirada na literatura de Annie Ernaux.
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