Para quem gosta de ler, não tem jeito melhor de começar o ano do que antecipar algumas leituras que devem chegar às prateleiras em 2022.
O ano começa com uma enxurrada de lançamentos que marcam dois centenários importantes, o da Semana de 1922, que povoa editoras como Autêntica, Companhia das Letras e Todavia; e o de "Ulysses", de James Joyce, objeto de atenção da Iluminuras, da Ateliê Editorial e, novamente, da Companhia.
À parte disso, alguns dos livros mais celebrados de 2021 enfim ganham traduções por aqui. "Quando Deixamos de Entender o Mundo", em que o chileno Benjamín Labatut explora a dor e a delícia das maiores descobertas científicas do século 20, sai pela Todavia.
A casa aposta ainda nas obras mais recentes da canadense Rachel Cusk, de "Second Place", da portuguesa Ana Teresa Pereira, de "O Verão Selvagem dos Teus Olhos", e da americana Jacqueline Woodson, de "Em Carne Viva". E começa seu projeto de publicar a ranzinza Fran Lebowitz no Brasil.
Já a Intrínseca traz "Cidade nas Nuvens", elogiado romance histórico em que Anthony Doerr entrelaça uma trama passada em Constantinopla com uma investigação de séculos depois. Também pela editora devem enfim sair "M, o Homem da Providência", sequência da biografia romanceada de Mussolini, a autobiografia do músico Dave Grohl e o thriller "Trem-Bala", do japonês Kotaro Isaka.
A Planeta aposta na belga Amélie Nothomb, última ganhadora do Prêmio Renaudot, enquanto a HarperCollins prepara o elogiado romance "With Teeth", de Kristen Arnett, e avança na publicação —agora póstuma— dos livros mais recentes de Joan Didion.
A Companhia das Letras tem no forno "Sobrevidas", primeira edição brasileira de Abdulrazak Gurnah, o mais recente Nobel de literatura. Outra menina dos olhos da editora é "Como Enfrentar uma Ditadura", livro da jornalista filipina Maria Ressa, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, que foi alvo de um leilão acirrado.
A editora também prepara a biografia de Fernando Pessoa escrita por Richard Zenith, já lançada nos Estados Unidos, e uma de Emiliano Di Cavalcanti feita por Marcelo Bortoloti.
Em literatura brasileira, a Companhia terá o próximo romance de Eliana Alves Cruz num ano que também deve trazer novos trabalhos de Nuno Ramos e Cristóvão Tezza, na Todavia, e de João Paulo Cuenca na Record —que voltará a editar Carlos Drummond de Andrade após acordo com os herdeiros do poeta.
Uma editora que aposta alto em literatura contemporânea é a Autêntica, que inaugura em 2022 um selo voltado a esse filão, numa lista puxada pelas brasileiras Maria José Silveira e Marcela Dantés e pela equatoriana Mónica Ojeda.
Pela Relicário, sai a prosa completa da argentina Alejandra Pizarnik, assim como a poesia completa de Beckett —além de três livros que continuam a coleção da editora voltada a Marguerite Duras— e a Carambaia traz os contos completos do chinês Lu Xun.
Já a 34 adiciona às estantes obras sobre Dostoiévski, Platônov, Dziga Vertov e Marina Tsvetáieva —uma das grandes escritoras da Rússia no século passado, que aliás também ganha antologias na Ponto Edita e na Bazar do Tempo.
A Bazar ainda investe nas obras decoloniais de Aimé Césaire e Patrick Chamoiseau e na literatura feminista de Violette Leduc e Hèlene Cixous, enquanto a Fósforo avança as publicações de Saidiya Hartman com "Vidas Rebeldes: Belos Experimentos". Nessa linha, a Ubu destaca a chegada da feminista britânica Sara Ahmed no Brasil e avança a publicação de autoras fundamentais como Donna Haraway e Beatriz Nascimento.
E isso é só o começo.
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