Batalha contra canudos de plástico ganha adeptos

Chefs, empresas e até celebridades aderem ao movimento contra o objeto poluente

Copos da Starbucks com tampas que dispensam o uso de canudos  - Justin Sullivan/Getty Images/AFP
Josimar Melo
São Paulo

O restaurante Casa de Tereza em Salvador (BA) oferece um curioso contraste entre o casarão histórico, com imagens antigas e receitas de origens centenárias, e os objetos brilhantes emergindo dos copos de suco de cajá ou de batida de mangaba.

São reluzentes canudos de aço inox, laváveis e reutilizáveis, sinalizando mais um restaurante que baniu os de plástico, por serem descartáveis e dificilmente recicláveis, poluindo o meio ambiente de forma gigantesca.

A batalha ganha enorme expressão. Na semana passada, por exemplo, a maior companhia aérea do mundo, a American Airlines, aderiu a canudos e mexedores de coquetel biodegradáveis, eliminando 32 toneladas de lixo por ano.

Nos Estados Unidos, a rede Hilton promete eliminar o item em seus 650 hotéis ainda em 2018, enquanto a cafeteria Starbucks anuncia o mesmo até 2020. E o astro do futebol americano Tom Brady, estimulado pela mulher, Gisele Bündchen, postou um vídeo (com mais de 1,25 milhão de visualizações) contra os objetos, instando outras celebridades a fazerem o mesmo.

"Em nossos restaurantes paramos de usar canudos de plástico", diz a chef Helena Rizzo, do grupo do restaurante Maní, em São Paulo. "E se algum cliente pede, temos uma opção feita de material biodegradável."

É a mesma posição adotada há tempos pelo também paulistano Le Manjue, que também tem uma opção biodegradável, informa o chef Renato Caleffi.

No Rio de Janeiro o .Org Bistrô vai além: adota canudos de vidro e também os vende no restaurante. A chef (e apresentadora de TV) Tati Lund conta: "Já usei canudos de bambu e de papel; agora uso e vendo esses, de vidro laboratorial e reutilizáveis".

A aversão mundial aos canudos de plástico foi aquecida pela recente viralização de um aflitivo vídeo de 2015, no qual uma bióloga americana tenta retirar, de uma tartaruga gigante, algo que parecia um verme alojado na sua narina, dificultando-lhe a respiração. Era na verdade um longo (mais de 10cm) canudo de plástico, como constatado até esta terça (17) por mais de 31 milhões de visualizações.

Mas não é só o canudo. A poluição ambiental é agravada por todo objeto plástico não biodegradável, especialmente aqueles utilizados apenas uma vez, em seguida entulhando-se na natureza.

Canudos de palha são utilizados há milênios, mas a partir dos anos 1950 tornaram-se populares feitos de polipropileno. São difíceis de reciclar, e transformam-se em minúsculas partículas (microplásticos).

Poluindo os oceanos, estas partículas são encontradas no interior de aves marinhas e de peixes –​inclusive os vendidos no mercado. Canudos podem, desta forma, voltar insidiosamente para a mesa dos restaurantes onde foram utilizados.

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