Descrição de chapéu Festival Fartura

Espeto de bode, churrasco e broa de milho ajudam a espantar o frio no Festival Fartura

Mesmo com baixa temperatura, sorvete da Boto foi disputado no evento em SP

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A costela da traseira do boi feita no fogo de chão, do chef Antônio Costaguta, de Porto Alegre (RS) - Keiny Andrade/Folhapress
 
São Paulo

Um braseiro alimentado por mais de 300 quilos de lenha é uma das sensações do Festival Fartura, evento do qual a Folha é parceira e que acontece até este domingo (4), no Jockey Club de São Paulo.

No estande do restaurante El Topador, do chef Antônio Costaguta, de Porto Alegre (RS), o público aproveitou para se aquecer na tarde mais fria do ano de em São Paulo enquanto assiste ao preparo de cortes como bife de chorizo com batatas e fraldinha com chimichurri.

Na fogueira, madeiras de macieira, laranjeira e pessegueiro. “A cozinha de lenha tem o poder de confraternizar e de ser um elemento de união”, diz o chef.

Mas a estrela é mesmo a costela da traseira do boi feita no fogo de chão, o tradicional preparo gaúcho. De tempos em tempos, alguém pergunta se falta muito para a carne ficar pronta. “Mas o principal ingrediente aqui é paciência”, diz Antônio Costaguta. Não à toa, já que os 40 quilos de costela, suspensos perto da brasa, demoram cerca de sete horas para chegar ao ponto —o resultado é uma carne extremamente macia e suculenta.

No Cá-já, de Yuri Machado, em Recife, a pirotecnia também rouba a cena no preparo do espeto de bode, carne comum no sertão nordestino, que sofre certo preconceito por conta do sabor intenso. “A comida do sertão é deixada de lado. Queria que esse sabor chegasse a outras fronteiras. A ideia é provocar mesmo”, diz o chef. 

 
Temperada com cominho, canela, coentro e pimenta síria, essa espécie de cafta é servida com picles de caule de coentro, cebola e mais pimenta, desta vez de cheiro, além de creme azedo de nata sertaneja (à base de leite de cabra) e farofa de tapioca. O espeto lembra o sabor do cafta de cordeiro dos restaurantes árabes. O prato, pesado e picante, surpreendeu o público, mesmo quem já está acostumado com o gosto potente da carne de bode. 

O cozinheiro paranaense Wesley Soares, 39, elogiou o tempero e o ponto, e destacou os acompanhamentos. “Achei a forma de preparar interessante, mas quem não está acostumado com esse sabor típico pode estranhar”.

Não foi a impressão do estudante de gastronomia Erick Aleixo, 24, que provou neste sábado seu primeiro bode: “Como imaginava, é mais forte do que carne de carneiro, mas é muuuito bom”.

Um dos sorvetes de sabores tradicionais paraenses da marca Boto, de Santarém (PA) - Keiny Andrade/Folhapress

Para o Fartura, Yuri preparou 40 quilos de carne, suficientes para 700 espetos. Até o meio da tarde, já tinha vendido 200 unidades. Para harmonizar, a sugestão do chef é cachaça de jambu. 

Alguns metros à frente, no espaço do Cozinha Tupis, de Belo Horizonte (MG), o chef Henrique Gilberto diz que foi a informalidade que ajudou a vender, até as 18h, cerca de 200 porções de frango com broa. 

Encorpada e ótima pedida para o frio, a porção, de comer com a mão, é receita de sucesso em seu restaurante, no Mercado Novo.

O prato é composto por uma tira de broa grelhada que serve de base (como uma bruschetta) para cremes de requeijão moreno e de milho, com um pedaço de frango grelhado por cima. 

Muita gente, acredita Gilberto, pode ter confundido o pedaço de broa com uma polenta --mesmo assim, muitos clientes voltaram para repetir a dose.

Apesar das baixas temperaturas, um dos estandes mais concorridos era o da Boto Sorveteria Artesanal, de Santarém (PA), inaugurada há cerca de três anos. O rondoniense Tiago Silva criou a marca porque sentia saudade do sorvete que tomava em Curitiba, onde viveu dos 13 aos 28 anos.

Para valorizar a diversidade de produtos da região, deu espaço a sabores como castanha-do-pará, cupuaçu, taperebá e jambu, ingrediente bastante presente nesta edição do festival.

“Acredito que o Brasil está passando por um processo de descobrimento do próprio país. Fiquei espantado com a quantidade de coisas de jambu que tem aqui”, diz Tiago. Até o final da tarde, a Boto já tinha vendido 390 bolas de sorvete.

Até o começo da noite deste sábado, o festival vendeu mais de 5.000 pratos e 2.000 ingressos. 

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