Entre os endereços renomados que passarão em breve por reformas em Bordeaux, na França, está o Château Lafite Rothschild, que, em 2020, abriu concurso público para buscar um arquiteto.
A ideia é modernizar a vinificação usando, por exemplo, a gravidade para transferir o vinho dos tanques de fermentação para as barricas de envelhecimento, como conta o empresário Philippe de Nicolay Rothschild, membro da família radicado no Brasil. O arquiteto escolhido para o projeto foi o francês Bernard Quirot.
No Brasil, uma garrafa de Château Lafite 1999 custa R$ 10.265,00 na Edega, um dos braços da PNR Group, a importadora de Rothschild —quem provou garante que vale. Poucos brasileiros, no entanto, terão a oportunidade de experimentar garrafas desse nível.
A boa notícia é que há bordeaux muito bons por bem menos. O próprio grupo Domaines Barons de Rothschild (Lafite) produz uma série de vinhos menos caros.
O Reserve Spéciale Bordeaux Rouge é um bordeaux fresco, sem passagem por barris de carvalho. Um corte de merlot e cabernet sauvignon, tem aroma frutado, com algo de pimenta preta e cipreste, com leve floral. O corpo é médio e o álcool é baixo, só 12%. Custa R$ 230 na Edega.
Produzido pelo grupo Schöreder & Schyler, o mesmo do Château Kirwan, o Chartron La Fleur Rouge 2016 também é um corte de merlot com cabernet sauvignon, com predominância do primeiro. Vinhos que levam a AOC Bordeaux podem incluir uvas de qualquer parte da região.
Neste caso, na ficha técnica, o produtor informa que as uvas vêm de vinhedos com solo repleto de seixos e a colheita é manual. É um vinho com aromas de frutas escuras frescas e especiarias. Parte do vinho passa por barris de carvalho usado.
“Normalmente em barricas com dois anos de idade, em hipótese alguma barricas novas”, diz Yann Schyler, presidente do grupo. Ele destaca o dado porque a madeira nova pode se sobressair no vinho que é feito para ser tomado jovem. Está por R$ 122,86, na Mistral.
A leveza e o aroma cheio de frutas frescas são a marca do Franc Beauséjour Bordeaux. Embora passe cinco meses em barricas de carvalho, a madeira não aparece. Tanto no nariz como na boca, aparecem morango, groselha, goiaba vermelha, todos bem azedinhos.
É um vinho translúcido, vermelho vibrante, bastante original para ser um bordeaux. Importado pela Cantu, está disponível em vários pontos de vendas. No Carrefour, custa R$ 89,92.
Seja qual for o nível de preço, um tinto de Bordeaux tem uma identidade. São vinhos equilibrados e discretos, por mais jovens que sejam.
Para Jean-Jacques Dubourdieu, diretor-geral do Denis Dubourdieu Domaines, grupo que possui alguns pequenos châteaux muito conceituados na região, o estilo de Bordeaux é atemporal e só vai ganhar mais foco com todo o incremento tecnológico que vem recebendo.
Seus châteaux não são grandes e têm todos muito bom preço para a qualidade. O Château Hauras Graves 2015, por exemplo, importado pela Casa Flora, sai por R$ 190,38 no Magazine Luiza.
É um vinho que tem uma denominação mais específica, um AOC Graves, o que sugere que vai durar mais tempo. A presença da madeira é mais evidente, o chocolate e a baunilha aparecem, embora ainda seja frutado. Um corte de merlot e cabernet sauvignon, passa 12 meses em barricas de carvalho, sendo que um terço é madeira nova.
Há muita confusão em torno da AOC Bordeaux Supérieur. O nome sugere que ele é superior ao bordeaux comum, mas algumas pessoas dizem que é só mais alcoólico, porque tem, por obrigação, no mínimo 10% de álcool natural, enquanto a AOC Bordeaux só exige 9,5%.
Na prática, porém, hoje ambos têm muito mais álcool que isso. As duas denominações compartilham o mesmo território, mas o superior tem regras mais rígidas. Isso não garante um vinho melhor, mas é um bom indício.
O Château de Macard Bordeaux Supérieur 2016 tem predominância da cabernet franc, a prima mais jovial da cabernet sauvignon, uma uva muito interessante que é a terceira tinta de Bordeaux. A madeira aqui aparece —são 18 a 20 meses em carvalho—, mas não esconde os aromas de frutas escuras e especiarias. Sai por R$ 138,40 na World Wine.
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