O Brasil esteve representado com dois restaurantes entre os 50 melhores do mundo, na premiação 50 Best de 2022: A Casa do Porco, em São Paulo, ficou na 7ª posição, e o Oteque, no Rio de Janeiro, que entrou pela primeira vez na lista, em 47º.
O restaurante paulistano especializado em porco e localizado no centro da cidade foi o único brasileiro na lista do ano passado, chegando à 17ª posição.
"Para o Brasil, é muito importante ter mais representantes na lista. Temos uma gastronomia muito rica que o mundo precisa conhecer", afirma Jefferson Rueda, d’A Casa do Porco.
Mais uma vez, um restaurante nórdico alcança o topo da gastronomia mundial na lista, que se tornou a mais influente premiação do setor.
Seguindo os passos do Noma, em Copenhague, vencedor no ano passado, o também dinamarquês Geranium foi eleito o melhor restaurante do mundo nesta segunda (18), em premiação realizada em Londres.
Com três estrelas Michelin e uma cozinha de execução perfeita e com base em produtos escandinavos, a casa é comandada pelo chef Rasmus Kofoed e tinha ficado em segundo lugar na lista do ano passado.
O foco são os vegetais e, desde 2021, Kofoed retirou toda a carne do menu, com algumas exceções para peixes e frutos do mar. Ganhador de uma medalha de ouro no Bocuse d’Or (a maior competição culinária do mundo), seus pratos têm estética impecável.
O restaurante ainda tem a peculiaridade de ter vista para o estádio oficial do time de futebol da Dinamarca. O menu degustação custa cerca de R$ 2.300 (sem bebidas alcoólicas).
Outros restaurantes brasileiros (Maní, Lasai, Evvai e D.O.M.) já tinham sido divulgados na semana passada como parte de uma lista expandida que é feita pela organização dos 50 Best, entre as posições 51-100. O mais próximo que o Brasil já ficou do primeiro lugar foi em 2017, quando o D.O.M., de Alex Atala, alcançou o quarto lugar.
A vitória do Geranium é uma comprovação que a influência nórdica ainda segue forte no panorama global da gastronomia. Três dos 50 restaurantes da lista estão na região.
Desde que o Noma ascendeu ao panteão dos melhores restaurantes do mundo há mais de uma década — alcançando o topo por cinco vezes—, aumentou a atenção para a cozinha feita em países como a Suécia, Finlândia e Noruega, além claro, da Dinamarca, que se tornou um concorrido destino gastronômico.
A lista revelada este ano em Londres (cidade escolhida em fevereiro, depois da organização desistir de realizar a cerimônia em Moscou), também mostra como a pandemia afetou a geopolítica dos restaurantes no mundo.
Impedidos de viajar, os 1.080 jurados que compõem o painel global estiveram mais restritos às suas regiões, o que foi comprovado pela presença (e pela subida) de dez novos restaurantes entre os 50 na lista.
Um reflexo também da primeira lista dos 50 Best para o Oriente Médio e norte da África, lançada este ano, como estratégia da organização de expandir sua atuação no mundo, depois de lançar listas específicas para Ásia e América Latina em 2013.
Celebrando 20 anos desde sua primeira edição, em 2001, o 50 Best chega à vida adulta como a premiação que ajudou a mudar o panorama da gastronomia mundial, ao permitir que os jurados pudessem votar em qualquer restaurante que quisessem.
Os votantes escolhem 10 estabelecimentos em ordem de preferência que tenham visitado pelo mundo. A única exigência é que pelo menos três deles sejam de fora da área/continente que está representando e que eles confirmem as datas que estiveram nos restaurantes.
Esta última regra, aliás, foi incorporada mais recentemente, desde que a lista passou a ser criticada por muitos pela possibilidade de viés e de interesse entre os votantes e os chefs e seus restaurantes.
Outra regra recém-adotada é que aqueles que alcançam o topo da lista são automaticamente transferidos para a categoria Best of The Best, e por isso não podem mais concorrer ao primeiro lugar.
Controversa, a premiação segue como a mais discutida no setor, defendida por muitos como o "Oscar da gastronomia" pela sua influência e alcance entre cozinheiros e personalidades, além de propagar uma imagem glamourizada dos restaurantes.
Na edição de Londres, passaram pelo tapete vermelho chefs do mundo todo (da Argentina ao Japão) e a cerimônia de apresentação foi comandada pelo ator hollywoodiano Stanley Tucci (de "O Diabo Veste Prada"), a primeira vez que uma celebridade atua como mestre de cerimônia.
Também foram anunciadas novas categorias, numa tentativa de trazer novidades a cada edição, como a de Restaurante Sustentável, que premiou o restaurante Aponiente, do chef espanhol Ángel León, e o Melhor Sommelier, que reconheceu o trabalho do espanhol Josep Roca (El Celler de Can Roca).
Entre as outras premiações individuais concedidas pelo 50 Best, o restaurante AM par Alexandre Mazia (França) foi escolhido na categoria One to Watch (Para Ficar de Olho e o Melhor Confeito foi para Rene Frank, do CODA, em Berlim. A Melhor Chef do Mundo deste ano é a cozinheira colombiana Leo Espinosa.
A colombiana Leonor Espinosa foi eleita como a melhor chef mulher do mundo e a queniana Walita Njiru ficou com o prêmio de Ícone pelo trabalho de educação alimentar que faz com crianças em seu país.
Confira a lista do 50 melhores restaurantes do mundo
- Geranium (Copenhague, Dinamarca)
- Central (Lima, Peru)
- Disfrutar (Barcelona, Espanha)
- Diverxo (Madri, Espanha)
- Pujol (Cidade do México)
- Asador Extxebari (Achondo, Espanha)
- A Casa do Porco (São Paulo, Brasil)
- Lido 84 (Gardone Riviera, Itália)
- Quintonil (Cidade do México)
- Le Calandre (Rubano, Itália)
- Maido (Lima, Peru)
- Uliassi (Senigália, Itália)
- Steirereck (Viena, Áustria)
- Don Julio (Buenos Aires, Argentina)
- Reale (Castel di Sangro, Itália)
- Elkano (Getaria, Espanha)
- Nobelhart & Schmutzig (Berlim, Alemanha)
- Alchemist (Copenhague, Dinamarca)
- Piazza Duomo (Alba, Itália)
- Den (Tóquio, Japão)
- Mugaritz (San Sebastian, Espanha)
- Septime (Paris, França)
- The Jane (Antuérpia, Bélgica)
- The Chairman (Hong Kong, China)
- Frantzén (Estocolmo, Suécia)
- Restaurant Tim Raue (Berlim, Alemanha)
- Hof Van Cleve (Kruishoutem, Bélgica)
- Le Clarence (Paris, França)
- San Hubertus (San Cassiano, Itália)
- Florilège (Tóquio, Japão)
- Arpège (Paris, França)
- Mayta (Lima, Peru)
- Atomix (Nova York, EUA)
- Hisa Franko (Kobarid, Eslovênia)
- The Clove Club (Londres, Inglaterra)
- Odette (Singapura)
- Fyn (Cidade do Cabo, África do Sul)
- Jordnaer (Copenhague, Dinamarca)
- Sorn (Bancoc, Tailândia)
- Schloss Schauenstein (Fürstenau, Alemanha)
- La Cime (Osaka, Japão)
- Quique da Costa (Dénia, Espanha)
- Boragó (Santiago, Chile)
- Le Bernardin (Nova York, EUA)
- Narisawa (Tóquio, Japão)
- Belcanto (Lisboa, Portugal)
- Oteque (Rio de Janeiro, Brasil)
- Leo (Bogotá, Colômbia)
- Ikoyi (Londres, Inglaterra)
- SingleThread (Healdsburg, EUA)
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