Trio condenado por morte de jovem em Guarulhos (SP) deve ir para o CDP nesta sexta
Os três rapazes condenados na noite de quinta-feira pelo Tribunal do Júri de Guarulhos (Grande São Paulo) pela morte de Vanessa Batista de Freitas, 22, devem ser encaminhados nesta sexta-feira ao CDP 1 (Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos nesta sexta-feira. Segundo o advogado do trio, Augusto Tolentino, eles passaram a noite do 1º DP da cidade e transferência deve ocorrer até a noite.
18.nov.2008/Folha Imagem |
William César de Brito, Wagner Conceição da Silva e Renato Correia de Brito (esq. para dir.) são condenados por morte de jovem |
O advogado informou que vai entrar com recurso contra a condenação no início da próxima semana. A decisão do júri popular foi apertada: quatro votos a três. "Se fosse um júri técnico não condenaria de forma alguma, porque não há provas contra eles", disse.
O crime ocorreu em agosto de 2006. Eles alegaram que foram torturados por policiais para confessar o crime e passaram cerca de dois anos presos. Os três estavam em liberdade desde setembro deste ano, depois de Leandro Basílio Rodrigues, chamado pela polícia de "maníaco de Guarulhos", assumir a autoria do assassinato. Depois ele voltou atrás e também declarou ter sido torturado por policiais para assumir o crime.
No julgamento pelo júri popular, que durou três dias, Renato Correia Brito, 24 --ex-namorado da vítima, e Wagner Conceição da Silva, 25, foram condenados a 24 anos, quatro meses e 15 dias de prisão por homicídio e atentado violento ao pudor. William César de Brito Silva, 28, foi condenado a nove anos, quatro meses e 15 dias de reclusão por atentado violento pudor.
O trio também deverá pagar um salário mínimo aos dois filhos de Vanessa --um deles filho de Renato-- até que eles completem 25 anos. Durante o julgamento, o promotor do caso, Levy Emanuel Magno, sustentou que o crime não poderia ter sido cometido por apenas uma pessoa.
A vítima teve um relacionamento com Renato. Segundo a acusação, ele havia encomendado o crime porque queria evitar uma ação judicial para pagamento de pensão alimentícia do filho que tem com a jovem.
Família
Na opinião do pai da jovem assassinada, João Jerônimo de Freitas Borges, a decisão foi justa. "Para mim foi um alívio. A família sabe mais ou menos o que aconteceu, só que a imprensa e os outros precisavam saber. A gente não tinha dúvidas", afirmou.
Borges foi o primeiro a alertar a polícia sobre a possibilidade de o crime ter sido cometido pelo ex-namorado da filha. Segundo ele, a família estranhou o fato de Renato ter feito uma ligação, e perguntado por Vanessa justamente um dia após seu desaparecimento. De acordo com o pai, não era comum ele ligar para a família.
Vanessa desapareceu em 17 de agosto de 2006 e seu corpo foi encontrado dois dias depois. De acordo com o pai, o rapaz sabia o trajeto que a filha fazia.
Tortura
Os acusados haviam sido libertados após o crime ser atribuído a Leandro Basílio Rodrigues, chamado de 'maníaco de Guarulhos'. Os jovens afirmaram que haviam sido torturados para confessar o crime. Rodrigues, que segundo a polícia confessou o assassinato, à Justiça passou a negar o crime, sob alegação de que também foi torturado.
O promotor diz não acreditar que os rapazes tenham sido torturados e, novamente, citou os laudos que descartaram as agressões. Ele afirma não ter detectado irregularidade ou indício de tortura no momento da prisão.
Após anunciar a sentença, o juiz afirmou que pedirá investigação para a denúncia de tortura contra Rodrigues.
Júri
O julgamento dos jovens durou três dias e foi realizado no fórum de Guarulhos.
Na terça (18), foram ouvidas, entre outras pessoas, os policiais militares e o delegado responsáveis pela prisão do trio. Todos negaram tortura contra os réus. Os PMs afirmaram que Renato ofereceu, na ocasião, R$ 20 mil para evitar a prisão.
No mesmo dia, a Justiça ouviu Rodrigues. Ele admitiu ter cometido outros crimes dos quais é suspeito --sem especificar quais seriam--, mas, em diversos momentos, negou que tenha assassinado Vanessa. 'Me levaram ao local [onde a jovem foi morta] e mostraram onde estava o cadáver. Falaram que no dia seguinte eu ia retornar até lá e que eu tinha de falar o que eles estavam mandando', disse durante o julgamento.
Na quarta (19), três testemunhas arroladas pela defesa dos jovens apresentaram álibis que afastam --segundo suas versões-- a possibilidade de os rapazes terem participado do crime.
Os três acusados voltaram a negar envolvimento na morte de Vanessa.
Em seus depoimentos, William e Wagner também contestaram os resultados dos exames de corpo de delito. Segundo eles, os laudos médicos eram falsos. Entretanto, o promotor Levy Emanuel Magno disse que oito médicos realizaram os exames com os réus despidos, em datas distintas, e não encontraram hematomas.
Também ouvido na quarta, o defensor público Luiz Eduardo de Toledo Coelho, que representa o chamado 'maníaco', também foi ouvido e afirmou que seu cliente confessou o crime sob tortura e que ele não estava na cidade na ocasião da morte de Vanessa.
Na quinta, foi exibido um vídeo com o testemunho de Rodrigues durante depoimento ao delegado Jackson César Batista, do DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Guarulhos. Na gravação, ele confirma o assassinato da vítima. Ele conta que abordou Vanessa com uma arma calibre 38, a levou para um matagal e deu uma 'gravata' na vítima, que morreu estrangulada. Depois ele afirma que tirou a roupa de Vanessa, mas que não cometeu nenhuma violência sexual. Ele também diz que roubou o celular da vítima e trocou por 15 pedras de crack.
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