Tribunal condena dois acusados pela morte de milionário da Mega-Sena
O Tribunal do Júri de Rio Bonito (RJ) condenou nesta quinta-feira dois dos acusados de matar o milionário da Mega-Sena René Senna, assassinado a tiros em janeiro de 2007, na cidade da região metropolitana do Rio. O ex-policial Anderson Silva de Sousa e o funcionário público Ednei Gonçalves Pereira foram condenados a 18 anos de prisão cada um.
Pela denúncia (acusação formal) do Ministério Público, os dois foram sentenciados a 18 anos de prisão por executar o crime, a mando de Adriana Ferreira Almeida, viúva de Senna. Após mais de 72 horas de julgamento, o júri votou pela condenação. Cabe recurso.
Ganhador de R$ 51,8 milhões da Mega-Sena em 2005, René Senna foi morto a tiros ao ser surpreendido quando tomava cerveja em um bar, na localidade de Lavras, em Rio Bonito.
Ontem, a Promotoria defendeu a tese de que Adriana encomendou o crime e sabia que tinha contratado um matador de aluguel. Ainda não há data para o julgamento da viúva e dos outros três acusados --os policiais militares Marco Antônio Vicente e Ronaldo Amaral de Oliveira, além da professora de educação física Janaína Silva de Oliveira, mulher de Anderson.
Eles entraram com recursos e ainda não têm data prevista para serem julgados.
Ao falar por duas horas e meia no Tribunal, a promotora Priscila Naegele Vaz acusou a viúva de contratar o ex-PM para executar o crime. Segundo a promotora, ela sabia que Anderson chefiava uma milícia na Ilha do Governador, também no Grande Rio. Ele havia sido expulso da Polícia Militar por portar uma arma não autorizada.
"René foi morto com 52 anos de idade, com um tiro na nuca e três no rosto. Foi um crime covarde e bárbaro", afirmou a promotora. "Ele era lavrador de família humilde e, assim que ganhou o prêmio, a primeira medida foi contratar seguranças e morar no Recreio com o irmão Miguel."
Testamento
A promotora lembrou que René chegou a fazer um primeiro testamento, deixando 50% de seus bens para Renata, filha única, e a outra metade para os irmãos. Antes do réveillon de 2006, conheceu a manicure Adriana, então com 27 anos, que se ofereceu para fazer alguns serviços domésticos na casa dele. A partir daí, os dois passaram a viver juntos.
Para Priscila Naegele Vaz, o assassinato de René não foi praticado por amadores. Para ela, está claro que houve uma conspiração e que não é possível tratar do assunto sem falar na viúva Adriana, acusada de ser a mandante do assassinato.
Ela ainda acusou o funcionário público Ednei Gonçalves Pereira, amigo de Anderson e parceiro dele no crime, de agir a mando de Adriana.
Segundo a exposição da Promotoria, um dos primeiros atos de Adriana foi demitir os seguranças contratados por René e contratar a equipe de confiança dela, comandada por Anderson, que era marido de Janaína, sua melhor amiga.
Queima de arquivo
Nesse grupo estava David Vilhena, que teria sido morto após ter descoberto e informado a René que Anderson era ex-PM e que Ednei nunca tinha sido. David foi assassinado em setembro de 2006 numa falsa blitz, na Ilha do Governador.
Um novo testamento foi feito em outubro de 2006, ficando 50% dos bens para Renata e 50% para Adriana. Neste momento, segundo a promotora Priscila Vaz, René assinou a sua sentença de morte. Adriana teria iniciado um relacionamento com o amante Robson e começou a dilapidar o patrimônio.
De acordo com a promotora, René comunicou que tiraria Adriana do testamento. Ela, então, foi passar o réveillon em Cabo Frio, com Janaína e Anderson. No dia 4 de janeiro, houve nova briga, e ela saiu de casa. Foi para Arraial do Cabo com Robson, onde assinou uma escritura de compra e venda de uma casa no valor de R$ 300 mil. No documento, ela declarou que não vivia em união estável e nem em sociedade de fato.
Levantamento do Ministério Público aponta que, do dia 5 em diante, começaram sucessivas ligações entre Adriana, Janaína e Anderson. De novembro de 2006 a janeiro de 2007, foram feitas 22 ligações entre as duas mulheres.
No dia 6 de janeiro, não houve telefonemas. Mas Adriana fez uma ligação do mesmo endereço que Janaína havia feito no dia anterior, em São Gonçalo, o que comprovaria que eles estariam reunidos no mesmo local, ao contrário do que ela havia dito.
"No dia do crime, eles não se falam no telefone dela. Mas Adriana recebeu diversas ligações originadas de telefones públicos, do bairro de Trindade, em Niterói, e da Praça João Pessoa, em Rio Bonito, minutos antes da morte do milionário", destacou.
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