Comandante da PM de SP manda carta com pedido de desculpa para mãe de motoboy
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Batista Camilo, enviou uma carta à mãe do motoboy Eduardo Luís Pinheiro dos Santos, 30, encontrado morto no dia 10 de abril, após ser torturado. A Polícia Militar investiga a participação de nove policiais no crime.
Leia a íntegra da carta do comandante da PM
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A carta é datada de 23 de abril, foi escrita de próprio punho e tem três páginas. "Quero, não comandante-geral da Polícia Militar, mas como Álvaro Camilo, dirigir-me à senhora e pedir desculpas pelo que, a princípio, pessoas insanas e desumanas fizeram a sua família", diz o primeiro parágrafo.
O coronel diz que essa violência "não é a formação dada nas escolas policiais militares". "Abominável conduta desses homens que se dizem defensores da lei e da ordem. Não sabemos porque essa conduta", diz um trecho da carta.
Camilo ainda escreveu que nenhuma palavra trará Santos de volta a sua mãe, mas pede que ela tenha fé em Deus. Ele também cita uma passagem bíblica que diz que se deve amar Deus e o próximo como a nós mesmos e diz que Santos foi "desprezado pela consciência desumana e irracional de seres que talvez não sejam classificados como humanos".
Em outro trecho, Camilo diz que, como comandante da PM, assegura que a Corregedoria da Polícia Militar irá trabalhar para descobrir e e "punir severamente" os responsáveis pela morte do motoboy, " a fim de que outras famílias não passem o que a sua está passando".
O comandante também colocou a polícia à disposição da família de Santos para acompanhar todos os passos da investigação e convidou a mãe dele para conhecer o quartel do Comando Geral da PM.
"Que Deus lhe conforte e ilumine nesse momento de dor e sofrimento", encerra a carta assinada e carimbada por Camilo.
Procurado pela Folha nesta terça-feira, o comandante-geral da PM preferiu não se manifestar sobre a carta por se tratar de uma correspondência particular.
Crime
O motoboy Eduardo Luís Pinheiro dos Santos morreu após ser espancado. Horas antes, na noite de 9 de abril, ele havia sido detido com outras três pessoas pelos policiais que foram atender uma ocorrência de furto de bicicleta na esquina da rua Maria Curupaiti com a avenida Casa Verde (zona norte de São Paulo). Segundo a corregedoria da PM, os suspeitos foram levados para o batalhão da PM ao invés de irem para a delegacia.
No mesmo dia, por volta da meia-noite, a vítima foi encontrada caída no chão por outros policiais na esquina da rua Voluntários da Pátria com a avenida Brás Leme, também na zona norte. O homem foi levado a um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos.
Os nove policiais militares suspeitos de envolvimento na tortura e assassinato do motoboy negaram ter cometido o crime. Nos depoimentos prestados à Corregedoria da PM, todos disseram que a vítima foi morta depois que deixou as dependência da 1ª companhia do 9º batalhão localizado no bairro Casa Verde.
O secretário de segurança pública Antônio Ferreira Pinto determinou que as polícias Militar e Civil façam a mais rigorosa apuração dos fatos na esfera administrativa e penal. Ferreira Pinto também declarou que não tem dúvidas de que a morte do motoboy foi resultado das torturas que ele sofreu de policiais militares.
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