Chuvas causam estragos e provocam mortes na região serrana do Rio; leia relatos
As chuvas da última terça-feira(11) causaram mortes e estragos em cinco cidades da região serrana do Rio. Muitas pessoas perderam suas casas.
Saiba como fazer doações para as vítimas das chuvas
Veja tragédias causadas pela chuva no país
Veja imagens dos estragos no Rio
Veja cobertura sobre chuvas na região serrana do Rio
Leia relatos:
"Desde a semana passada olhamos as casas para evitar roubos. Sei que todas estão condenadas, mas vamos preservar o que temos."
Fabiano Firmiano, 38, garçom, morador do bairro Caleme, um dos mais atingidos de Teresópolis
"Só faço chorar. O hotel existe há 25 anos e nunca havia acontecido nada aqui antes, nem crime nem enchente."
Ana Lúcia Venturino Nassif, dona de hotel saqueado pelos próprios hóspedes um dia após enchete
"O maior problema é restabelecer a confiança do turista. Petrópolis e Teresópolis estão melhor e já dá para vender pacotes para o Carnaval. Mas Friburgo só estará preparada em julho."
Alfredo Lopes, presidente da Abih-Rio (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira)
"Acho que não existo para os poderosos. Se vier uma chuva forte, vou perder tudo novamente e vão me deixar na rua mais uma vez."
Irene Cristina Silva e Souza, moradora do morro do Perpétuo, em Teresópolis
"O mundo está com os brasileiros por saber o trauma que as pessoas estão vivendo."
Albert Al Gore Jr., ex-vice-presidente dos EUA
"Era todo o capital que eu tinha. Não sei como recomeçar".
Márcio Ferreira, produtor em Itaipava e que estima prejuízos em R$ 40 mil
"O primeiro momento sempre é mais difícil porque não tínhamos ideia do que realmente tinha acontecido. O acesso aos locais de deslizamento era muito difícil, o tempo, ainda chuvoso, também complicou. Mas estamos avançando e diante da dimensão do desastre, a resposta tem sido extremamente positiva."
Coronel José Paulo Miranda, chefe do Estado Maior e subcomandante do Corpo de Bombeiros
"Não sabia que haviam passado tantas horas. Graças a Deus, perdi a noção do tempo."
Wellington Guimarães, que ficou mais de 14 horas debaixo da terra com o filho, Nicolas Barreto, de sete meses
"Temos de separar a emoção da razão para não correr risco."
Leandro Assumpção, capitão do Exército e piloto, sobre os riscos e a falta de visibilidade no resgate às vítimas das chuvas.
"Eles estão sem água, comida e não têm como sair. Pediram para avisar às autoridades para tentarem chegar neste local o mais rápido possível. A concentração de pessoas está na rua atrás da antiga COMAVE. Vamos divulgar gente!"
Zé Renato, músico, pede ajuda para os país do colega Cláudio Nucci, que moram em Bom Jardim, a 20 km de Friburgo. Os dois músicos fizeram parte da banda Boca Livre.
"Ainda espero chegar lá e ter boas notícias."
Sebastião Ferreira, 50, pedreiro que mora em Teresópolis mas estava trabalhando em São José do Vale do Rio Preto. Ele não consegue voltar para casa ou telefonar para saber notícias da família.
"O pai contou que sobrou um espaço para ele ficar em pé com o bebê embaixo dos escombros. E disse ainda que ficou dando saliva com a língua para o filho sugar. O Nicolas só tinha uma pequena escoriação no rosto. Chegou rindo e se alimentando na maternidade. Sempre concentrado no que o pai estava fazendo, ele comeu frutinha e dormiu muito bem. A gente fica emocionada o tempo inteiro só de contar."
Maria José de Jesus Reis, 53, diretora-administrativa da maternidade de Nova Friburgo (RJ), sobre bebê que sobreviveu após 14 horas soterrado.
"Conseguimos resgatar 20 pessoas. Saímos da mata eram 11 horas da noite. Tinha pessoas precisando de remédios e criança sem comida. A gente conhece as trilhas desde menino, então viemos para cá ajudar. Tem gente lá dentro que não sabia a proporção do que havia acontecido, pensava que tinha sido só lá, que tinha caído apenas uma barreirinha."
Rafael Macedo de Carvalho, voluntário.
"É gratificante poder ajudar e salvar vidas. Não tem como ficar em casa e dormir sossegado, sabendo que tanta gente está precisando de nós."
Alexandre Leal, voluntário.
"Ouvimos um estrondo e saímos de casa. Muita gente correu para a praça, quando veio a avalanche e matou a todos."
Rosimar Gomes Vieira, doméstica, que perdeu uma sobrinha e de mais 13 pessoas de sua família.
"Quando dava um relâmpago, via os corpos passando rio abaixo."
Carolina da Silva, 73, moradora de Vieira, bairro afastado de Teresópolis, que tem dificuldade de acesso a ajuda.
"Ele pediu o socorro, passou informações sobre os deslizamentos e coordenou a saída dos helicópteros. O cara é um herói."
Paulo Pimentel, contador, membro do Grupo de Rádio Amadores de Nova Friburgo, sobre a ajuda do mecânico e rádio amador Luis Gustavo Silveira.
"Foi tudo muito rápido. Só percebi que a casa caiu quando abri os olhos e me vi preso embaixo da geladeira e da laje do segundo andar. Ficou tudo escuro, a geladeira começou a degelar em cima de mim, estava muito frio, mas graças a ela sobrevivi. Caso contrário, a laje ia cair na minha cabeça."
Patrick Frota Gallino, 20, que passou 10 horas soterrado em Nova Friburgo.
"Eu me ofereci como voluntária sem saber que meu avô tinha ficado desabrigado também. Só fiquei sabendo ontem à noite, por meio de um primo, que ele perdeu a casa, mas está bem. Não consigo entrar em contato com ele. Não sei em que abrigo ele está." Paula Gonçalves, 29, moradora e voluntária em Nova Friburgo.
"Não houve nada na área em que fica a minha casa, mas perdi amigos queridos. Passei dois dias sem conseguir contatar a minha irmã, consegui falar com ela só agora. Felizmente não aconteceu nada com ela. A cidade está um caos, as pessoas estão dormindo na rua em colchonetes. A prefeitura virou um hospital. Os supermercados estão fechados e a população, sem alimento. Foi uma coisa desoladora, tenho vontade de sentar e chorar, ficamos impotentes".
Reginaldo Faria, ator, nascido em Nova Friburgo.
"A comida está acabando. No mercado está absurdo. O pacote de vela está R$ 15.
Jackson Pinheiro, 24, de Nova Friburgo.
"Só conseguia ver com a luz dos relâmpagos. Quando brilhava, com o clarão, eu percebia que onde tinha casa, não existia mais nada."
Gilberto Joaquim, morador de Teresópolis.
"Acordei com o telefonema de uma amiga pedindo socorro. Até chegar à casa dela, no bairro Posse, vi um cenário de destruição e horror. Parecia um tsunami. Entrei em casas, recolhi alguns corpos e deixei na calçada com identificação para facilitar o trabalho das equipes de resgate".
Lucas Guimarães, 24, administrador de empresas e que passou o dia trabalhando como voluntário.
"Nunca tinha feito nó em corda na vida. Quando jogaram a corda, me amarrei rápido. Estava com tanto medo que o nó fosse fraco que me agarrei como nunca. Pensei que ia morrer, mas pedi pelo amor de Deus que meus vizinhos não me deixassem morrer].
Ilair Santos, 56, isolada na enxurrada em São José do Vale do Rio Preto e que foi puxada por uma corda até um sobrado, em uma altura de 10 m. Ela teve de soltar um cão que carregava. Cena e o depoimento dela foram ao ar no "Jornal Nacional" e em canais do mundo todo, como CNN e ABC News.
"É muito triste reviver isso. Perdi tudo o que eu tinha, minhas roupas, meus móveis. Agora não dá mais para reconstruir ali. Vamos procurar alugar uma casa e, depois, ver se podemos comprar um terreno que seja seguro", disse Renata, que está grávida e se abriga no local com o marido, os três filhos, os pais e a família do irmão."
Renata da Silva, 28*, moradora de Nova Friburgo e que já havia perdido sua casa em um temporal em 2007.
"Começamos a ligar para a Defesa Civil, mas ninguém atendia. Meus filhos tinham apenas um telefone celular, com a bateria acabando."
George Israel, músico da banda Kid Abelha, que alugou um helicóptero para resgatar a família em Teresópolis.
"Ficamos no telhado até a chuva passar. Passava tudo: carro, bichos, corpos. Rezamos para que o telhado não caísse, porque senão todos iríamos morrer."
Juaci da Ponte Rabelo, 65, aposentado, morador do bairro Campo Grande, em Teresópolis.
"Vieram duas trombas d'água e a casa alagou toda. Minha mulher ficou boiando num colchão de ar e eu ao lado dela, esperando a água baixar."
Paulo Henrique, 47, mecânico, que ficou ilhado em casa, no bairro Cascata do Imbaú, em Teresópolis.
"Ouvi gritos de socorro a noite toda, mas não tínhamos como ajudar. Até agora eu ouço a voz de uma vizinha que teve a casa destruída e ficou gritando por socorro a noite toda. Ela conseguiu se salvar ao subir no limoeiro, mas seu marido estava desaparecido. O pior é a gente ouvir isso e ficar impotente."
Daniela da Silva, 44, designer, que passava férias com a filha e o marido em um condomínio de Teresópolis que foi quase todo destruído. Eles foram resgatados de helicóptero.
"De repente, a água subiu muito rápido. Tivemos que subir os pacientes para o segundo andar e perdemos todo o setor em que atendemos as emergências. Aí, foram chegando os traumas. Imediatamente foi aberto o centro cirúrgico, para atender às fraturas graves."
Luís Fernando Azevedo, médico que estava de plantão no hospital de Nova Friburgo no dia em que o ambulatório foi invadido pela água.
"Temos problemas relacionados à geologia. Alguns terrenos são inconstantes e arenosos. Tem muita lama e escombros. É difícil trabalhar e temos que tomar cuidado para evitar novos deslizamentos. Já perdemos três bombeiros nesses trabalhos."
Mauro Domingues André, coronel do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Estado do Rio.
"Daqui até Teresópolis são corpos por todos os lados. Só nesta casa foram 14. Em 31 anos de bombeiro nunca vi nada parecido. Bati meu recorde", afirma Vianna.
Souza Vianna, coronel, comandante da operação de resgate em Itaipava, distrito de Petrópolis.
"Moro aqui há 25 anos. Nunca tinha visto algo assim. Moro em um local mais alto, mas quando olho para baixo só vejo um mar de lama. A maioria das pessoas se salvou subindo em árvore ou correndo para lugares mais altos."
Manoel Cândido da Rocha Sobrinho, 45, caseiro, sobre o vale do Cuiabá, em Petrópolis (RJ).
"Nunca vi nada igual, nem mesmo nos deslizamentos em Angra dos Reis no ano passado. Esse é o momento de ver o que pode ser feito para resolver a situação dessas pessoas, buscando, principalmente, desobstruir as estradas e garantir o acesso de serviços e apoio para devolver a normalidade à população."
Luiz Fernando Pezão, vice-governador do Rio.
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