Após protesto, Alemão tem novo conflito de moradores e militares
Moradores do complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio, afirmam que houve novo conflito envolvendo militares do Exército no final da noite desta segunda-feira (5), na localidade conhecida como Alvorada.
Moradores divulgam vídeo de confronto com Exército
Regulação é fonte de conflitos em favelas com UPPs
Polícia prende um dos líderes do tráfico no Alemão
Procuradoria e Exército apuram conflito no Alemão
Policiais de UPP são presos com R$ 13 mil no Rio
Segundo relatos, o tumulto começou por volta das 22h, após o término de uma manifestação contra a atuação dos militares na região.
"Aconteceu no mesmo lugar onde tinha acontecido a primeira confusão no bar, no domingo (4). Eles entraram na rua Dois, apagaram as luzes e começaram a procurar todo mundo que deu entrevista. Isso foi por causa da manifestação que veio subindo o morro, andando de um lado para o outro", disse à Folha uma moradora de 23 anos, que não quis se identificar.
Uma hora antes do novo conflito, bombeiros foram acionados para apagar um incêndio em madeiras provocado pelos manifestantes na rua Itaoca, na entrada da favela Nova Brasília. Em seguida, ainda segundo relatos, os moradores "subiram o morro agitados", o que teria provocado a reação dos militares.
"Foi muito tiro, muita bomba. Fecharam a rua [Dois] e não deixaram as pessoas passarem. Eles andavam com uma arma que tinha luz verde", contou a moradora.
Ainda não há informações de feridos. A Folha tentou contato com o Exército na manhã desta terça-feira, mas ainda não obteve retorno.
Paula Giolito-5.set.11/Folhapress | ||
Moradores do Complexo do Alemão realizam protesto pedindo a saída do Exército e a implantacao de uma UPP |
INVESTIGAÇÃO
Ontem, o Exército e o Ministério Público Federal abriram inquéritos sobre a participação de militares no confronto com moradores, no domingo à tarde. Ao menos 12 pessoas, sendo dois soldados da Força de Pacificação, ficaram feridos.
O Exército quer saber se houve excessos dos militares na abordagem a um morador. Ele teria começado a xingá-los durante a transmissão de um jogo de futebol pela TV. A discussão cresceu e resultou no confronto entre 80 soldados e cerca de 20 moradores.
Elaine de Souza Morais, 17, voltava para casa com o filho, de três anos, quando ouviu gritos e tiros. "Quando vi, tinha sido atingida na boca por uma bala de borracha." Atingido no pescoço, o almoxarife Wilson Alves, 31, disse que os soldados ameaçaram levar até o quartel quem estivesse com marca da violência.
Para o comandante da Força de Pacificação, general Cesar Leme Justo, o conflito de domingo pode ter sido reação a uma operação, na semana passada, para reprimir a venda ilegal de botijões de gás na favela.
Foram apreendidos dois caminhões que seriam do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, detido no presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS). "Eles esperaram uma oportunidade para reagir."
O general passou a manhã reunido com as procuradoras Gisele Porto e Aline Caixeta, que decidiram abrir inquérito.
Ainda no domingo, moradores e policiais militares da UPP Cidade de Deus (zona oeste) entraram em confronto após um baile funk. Na versão de moradores, duas pessoas brigavam quando os PMs chegaram. Um deles atirou para o alto e outro jogou uma bomba de efeito moral, ferindo um morador. Moradores reagiram atirando pedras.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha